Faculdade de Medicina de Lisboa e Operação Nariz Vermelho criam "cadeira" para estudantes
Entidades explicam em comunicado que o objetivo é que esta cadeira passe a integrar todos os anos a oferta de unidades opcionais dos estudantes de Medicina da FMUL.
A Faculdade de Medicina de Lisboa e a Operação Nariz Vermelho criaram este ano uma cadeira opcional sobre "a arte do doutor palhaço", tendo já esgotado as 20 vagas disponíveis, anunciaram esta segunda-feira as entidades.
"A Arte do Doutor Palhaço no Contexto da Formação dos Estudantes de Medicina" é a nova unidade curricular que começou este ano a ser lecionada como parte do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), em parceria com a Operação Nariz Vermelho (ONV).
As entidades explicam em comunicado que o objetivo é que esta cadeira passe a integrar todos os anos a oferta de unidades opcionais dos estudantes de Medicina da FMUL.
"As 20 vagas abertas para esta primeira edição da cadeira, lecionada pelo Dr. Tiago Proença dos Santos, em parceria com o diretor artístico da ONV, Fernando Escrich, foram todas preenchidas", salientam.
Segundo a FMUL e a ONV, esta unidade curricular pretende contribuir para o desenvolvimento de uma perspetiva subjetiva sobre as interações dos médicos em contexto hospitalar, integrando a prática da medicina com uma abordagem centrada na singularidade e na subjetividade da pessoa e das suas circunstâncias, além da doença.
"Trata-se de disponibilizar um conjunto de estratégias e ferramentas do Doutor Palhaço da Operação Nariz Vermelho que possam ser úteis ao profissional de medicina nas diferentes etapas e desafios da sua prática", realçam.
A presidente da ONV, Luiza Teixeira de Freitas, sublinha que "o crescimento da Operação Nariz Vermelho sempre assentou numa parceria rigorosa com os profissionais de saúde e numa sólida fundamentação e validação científica" do trabalho que realiza.
"Foi a ligação destes dois fatores que nos permitiu criar uma cadeira que tem como objetivo apresentar a linguagem e metodologias dos Doutores Palhaços aos estudantes de Medicina, os futuros parceiros com quem trabalharemos nos hospitais, em prol da humanização dos cuidados de saúde", destacou Luiza Teixeira de Freitas.
Apurar o olhar para perceber a condição e as necessidades do outro, para além da situação clínica, reforçar a escuta para estabelecer confiança e partilhar as estratégias e ferramentas do Doutor Palhaço, abrindo a possibilidade da sua integração na prática clínica, são os principais objetivos desta unidade curricular.
Tiago Proença dos Santos, neurologista pediátrico e regente da cadeira, realça a importância de cultivar, na formação médica, uma escuta mais humana e uma presença mais consciente.
"Por essa razão desenvolvemos, em conjunto com a ONV esta unidade curricular, onde os estudantes são convidados a atravessar a ponte entre ciência e arte, inspirando-se na prática dos Doutores Palhaços para desenvolver empatia, improviso e atenção plena".
"Cada gesto, olhar e silêncio torna-se ferramenta de cuidado, e do encontro entre o médico e o palhaço nasce uma nova forma de escutar - a si, ao outro e ao momento presente. É nesse espaço de autenticidade que até as más notícias podem ser partilhadas com delicadeza, abrindo caminho para relações mais verdadeiras e esperançosas", sublinhou Tiago Proença dos Santos.
As entidades referem que os exercícios desta unidade curricular visam "a aproximação e apropriação, por parte dos alunos, dos valores, linguagem e técnicas da arte do Doutor Palhaço, considerando a experiência prévia, extensa e consistente dos formadores, no contexto do hospital".
Alguns dos princípios elementares trabalhados serão a atenção, cumplicidade, apoio, improviso e consciência corporal e espacial.
"Da convergência entre os ofícios do Médico e do Doutor Palhaço, pressupõe-se que possa ser desenvolvida uma maior autoconsciência, ponto de partida para uma interação mais humanizada com os seus pares, pacientes e respetivos cuidadores", acrescentam.
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