Farmácias esperam vacinar quase 400 mil pessoas contra a gripe até ao final da semana

Bastonária dos Farmacêuticos considera processo"complexo e que deveria ter sido melhor coordenado".

21 de outubro de 2020 às 22:28
Vacina xxxx Foto: Vítor Mota
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As farmácias devem conseguir vacinar "quase 400 mil pessoas" até ao final da semana, adiantou esta quara-feira a bastonária dos Farmacêuticos sobre um processo que considerou "complexo e que deveria ter sido melhor coordenado".

Ana Paula Martins, que foi recebida esta quarta-feira em audiência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém, disse à saída da reunião que o contingente de vacinas das farmácias, que corresponde a 240 mil doses, em conjunto com as 100 mil doses do contingente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) entregues às farmácias, deve ser esgotado até ao final desta semana.

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"Na próxima semana chegam mais vacinas, não sabemos ainda qual vai ser a sua distribuição", acrescentou a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, sublinhando que o compromisso que as farmácias assumiram é o de vacinar 700 mil pessoas até ao final da campanha de vacinação contra a gripe, que decorre até dezembro.

Bastonária dos farmacêuticos diz que Saúde falhou planeamento do inverno

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A bastonária dos farmacêuticos defendeu que o país, nomeadamente a área da Saúde, falhou a preparação do período de outono-inverno e criticou a "comunicação bastante irregular" que tem sido feita da pandemia, que não se combate com "normativos".

Penso que não nos preparámos, não nos preparámos ao nível do que devíamos ter feito [...] Não estamos pior do que estávamos e sabemos muito mais do que aquilo que sabíamos. Agora que podíamos ter feito muito mais nestes sete meses para nos prepararmos e organizarmos mais, isso seguramente, isso digo-o objetivamente", disse a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.

A bastonária entende que houve "um défice de coordenação" involuntário e que "claramente existem dificuldade de planeamento na área da saúde" para respostas que devem existir, acrescentando que os últimos sete meses deviam ter servido para esse planeamento.

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Ana Paula Martins defendeu que além da resposta ao dia-a-dia da pandemia, devia ter sido encontrado "um pedaço para preparar o futuro" que se sabia que iria acontecer.

"Penso que essa parte para preparar o futuro falhou", disse.

A bastonária deixou ainda críticas à forma como tem sido feita a comunicação da pandemia, afirmando que "tem sido bastante irregular" e que o contexto exige "quatro ou cinco mensagens muito direcionadas, que envolvam as pessoas e que as façam sentir-se responsáveis".

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"Penso que a comunicação tem falhado. Poderíamos e deveríamos comunicar melhor e deveríamos ter campanhas nos meios de comunicação social. As conferências de imprensa respondem a necessidades específicas, mas não são as conferências de imprensa que tiram as dúvidas dos portugueses ou que lhes dão confiança nem que os chamam ao que é voluntariamente a sua responsabilidade", disse.

A bastonária defendeu que "é preciso continuar a insistir todos os dias" em "coisas básicas" como os processos individuais de proteção contra a covid-19, que podem ser comunicadas de forma eficaz em campanhas em meios de comunicação social para as quais podem ser chamadas figuras públicas.

"[O combate à pandemia não se faz] com normas que às vezes as pessoas não percebem, às vezes com decisões que depois estamos três ou quatro dias a discutir se a decisão pode ser ou não pode ser implementada", disse.

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"Se não forem os portugueses a querer quebrar esta transmissão e a responder à covid, nós nunca conseguiremos fazer isso através de processos normativos. Não é possível. Cria tensão, cria problemas de coesão que devemos tentar evitar", acrescentou.

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