Governo desafia famílias portuguesas no estrangeiro a falarem português em casa

Língua portuguesa é a mais falada no hemisfério sul.

20 de novembro de 2025 às 22:28
Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, Brasil Foto: António Cotrim
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O secretário de Estado das Comunidades, Emídio Sousa, desafiou esta quinta-feira as famílias portuguesas que vivem no estrangeiro a falarem português em casa, para que as novas gerações não percam a ligação ao idioma.

Em entrevista à Lusa no Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque, cidade por onde iniciou esta quinta-feira uma visita aos Estados Unidos, Emídio Sousa indicou que, da sua parte, está a rever o regime jurídico do ensino do português no estrangeiro, como ferramenta fundamental para "manter a portugalidade ativa".

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"Este regime jurídico já não é atualizado há 19 anos, se a memória não me falha, portanto, eu estou a ultimar esse projeto de revisão do regime jurídico para tornar o ensino do português mais atrativo", disse, admitindo ter recebido algumas queixas de condições salariais pouco atrativas em relação ao ensino do português nos Estados Unidos.

"No que diz respeito ao [papel do] Governo, é essencialmente a revisão do regime jurídico, melhorar as condições de frequência das aulas, a distribuição dos manuais, as aulas 'online'. Portanto, isso é todo um trabalho que o Governo português está a fazer", assegurou.

Contudo, Emídio Sousa apelou às comunidades portugueses que não se afastem da língua portuguesa, frisando que o idioma é uma "ferramenta importante para o futuro".

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"O apelo permanente às nossas comunidades é que falem português em casa. É a maior e melhor ferramenta que nós temos de aprendizagem da língua. (...) Muitas vezes, a segunda e terceira geração, à medida que se vão casando com os nativos, perdem um bocadinho esta ligação, mas eu costumo dizer que pode ser uma ferramenta importante até para o futuro. Ter competências a mais nunca é problema", observou.

A língua portuguesa não só é uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul, de acordo com dados da UNESCO.

"Portanto, eu desafio as famílias, as pessoas a apostarem na nossa língua", acrescentou o secretário de Estado, pedindo às famílias que primeiro falem o idioma em casa e depois o aperfeiçoem nas escolas portuguesas dos locais onde residem.

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Os Estados Unidos são um dos países onde o ensino de português mais tem crescido, com mais de 20 mil alunos no ensino básico e secundário, e mais de dois mil estudantes no ensino superior, apoiados por mais de quatro centenas de professores, segundo dados oficiais, que apontam para um crescimento de 100% nos últimos 10 anos. 

A importância dada pelo sistema educativo à língua portuguesa concretiza-se na sua acreditação como idioma de acesso ao ensino superior, através do exame 'National Examinations in World Languages' (NEWL).

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas iniciou esta quinta-feira uma visita aos Estados Unidos, que passará pelos estados de Nova Iorque, Nova Jérsia, Massachusetts e Rhode Island, e que terminará na próxima quarta-feira.

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Na sua passagem por Nova Iorque, participou numa tertúlia cultural promovida pelo Consulado Geral de Portugal nessa cidade e esteve reunido com funcionários consulares, que lhe expuseram reivindicações de aumentos salariais, segundo indicou o próprio à Lusa.

Emídio Sousa destacou ainda a sua intenção de estar o mais próximo possível das comunidades, considerando que a emigração "faz parte do ADN" dos portugueses "há séculos e o atual Governo está particularmente empenhado em acompanhar os portugueses no mundo" e, "acima de tudo, valorizar esses portugueses e chamá-los a um novo conceito de desenvolvimento do país".

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