Gralheira: uma aldeia em Cinfães que se transforma num mundo encantado no Natal

É no alto da Serra de Montemuro, a quase 1200 metros de altitude, que a aldeia da Gralheira, a terceira mais alta e Portugal, no concelho de Cinfães, se transforma num verdadeiro mundo encantado, a 'Aldeia do Pai Natal'. 

Marco Saraiva senta-se à lareira, onde duas panelas de ferro estão sobre as brasas, é ele, e a avó Albertina, que fazem o famoso "café da avó".

O jovem explica ao CM que não mora na aldeia, mas os avós sim, e passa a maioria dos fins de semana com eles. Já há cerca de três anos que ajuda a avó na 'Casa do Café', nesta altura do ano. 

A beber o café quentinho estava Idalina Monteiro, de Marco de Canaveses. Há oito anos que visita a Aldeia do Pai Natal com o filho e diz que a 'Casa do Café' é um sítio onde vai sempre, porque lhe faz lembrar o café da sua avó. Já o filho, adora ver as peças de teatro na rua e comer crepes. 

Esta pequena aldeia de Natal, em que participa a população, abre aos visitantes antigas habitações transformadas, não só na 'Casa do Café', como também na 'Casa do Pai Natal', na 'Casa da Bruxa' e ainda na 'Casa do Pão'. 

É nesta última que é feita uma bola de carne, típica da aldeia. 

Ilda Botelho, que nasceu e cresceu na terra, explica ao CM como é feito o pão. "É uma mistura de milho, centeio e trigo, com salpicão, a chamada bola de salpicão", diz, garantindo que a faz desde sempre. 

Quem tinha muita vontade de comer esta bola de carne era Márcia, que foi à Aldeia do Pai Natal com a mãe, Fernanda, e a madrinha, Adelaide. Moram na Lixa e esta é a primeira vez que visitam o mundo encantado da Gralheira. 

Já na Casa do Chocolate, concorrida por muitos miúdos e graúdos, que fazem fila para entrar, quem a dinamiza é a Escola Profissional de Cinfães. "São distribuídas iguarias confecionadas pelos alunos do curso Técnico de Cozinha/Pastelaria e servidas pelos alunos de Técnico de Restaurante/Bar, sempre acompanhados pelos seus formadores", referiu Gracinda Cardoso, diretora da escola. 

A realidade é que a gastronomia e o artesanato local completam a experiência da Aldeia Natal, proporcionando a descoberta da tradição da região a todos aqueles que a visitam. 

Perto da 'Casa do Chocolate' está Maria da Conceição. É serrana e faz questão de o dizer com orgulho. Dedica-se a fazer fumeiro tradicional, que aprendeu com a mãe e a avó, e agora dá continuidade à tradição. 

Diz que a 'Aldeia do Pai Natal' ajuda a dinamizar o negócio. "Hoje está um dia de chuva, amanhã vai estar um 'camadão' de neve, vamos ter uma paisagem espetacular, fantástica, e vai estar cheio de gente", disse. 

A Maria da Conceição tinha razão. No dia seguinte, domingo (21 de dezembro), a aldeia acordou pintada de branco, digna de um verdadeiro postal de Natal. 

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Viseu foi um dos distritos que ficou em alerta laranja devido à queda de neve. E algumas vias ficaram cortadas junto à serra. 

As atividades da 'Aldeia do Pai Natal' foram canceladas por motivos de segurança, confirmou o CM junto da autarquia. 

A realidade é que mesmo com as atividades canceladas, as famílias rumaram à 'Aldeia do Pai Natal' e a diversão não faltou. 

Os Bombeiros Voluntários de Cinfães, a GNR e a Proteção Civil realizaram trabalhos durante todo o dia, para segurança da população e de quem visitava a terra. 

Carlos Cardoso, Presidente da Câmara de Cinfães, diz que "são milhares" aqueles que passam pela aldeia e vivem a magia do Natal na serra. Toda a aldeia é transformada num parque temático e as casas dos habitantes são utilizadas como cenários.

A diversão é para todas as idades e no próximo fim de semana (27 e 28 de dezembro) ainda vai a tempo de desfrutar de uma festa natalícia diferente, a entrada é gratuita, mas atenção: não se esqueça do gorro e do cachecol.