Greves dos médicos cancelam milhares de consultas e cirurgias
Líder da Fnam avisa que é preciso “um ministro ou ministra que perceba de saúde”.
Cerca de “dois terços dos médicos” estiveram na terça-feira em greve, segundo a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que convocou a paralisação que prossegue no dia de hoje. Milhares de consultas e cirurgias tiveram de ser canceladas.
“Os constrangimentos maiores, como é expectável, são a nível dos blocos operatórios”, afirmou Joana Bordalo e Sá, presidente da Fnam, adiantando que houve blocos cirúrgicos encerrados a 100%, exceto nas urgências. Foi o caso dos hospitais de Guimarães, Gaia, Santo António, Penafiel, Amarante, Leiria e IPO do Porto. Quanto às consultas hospitalares, a líder sindical afirmou que a adesão variou entre os 50% e os 100%.
Também o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) marcou greve para terça e quarta-feira, admitindo que a adesão se situou terça-feira de manhã entre os “60% e os 70%”, havendo “muitas instituições acima desses valores”, segundo o presidente José Carlos Martins. “O SEP não fez acordo e mantém a greve que está em curso”, afirmou o dirigente, condenando a “manobra de diversão montada ontem [segunda-feira] à noite pelo Ministério da Saúde e alguns sindicatos de enfermagem.”
Em causa está um acordo com outros cinco sindicatos que prevê aumentos de 20% até 2027. “É vergonhoso. Estão a usar dinheiro de retroativos não pagos para uma valorização salarial”, afirmou, admitindo que houve enfermeiros que ficaram “baralhados”, sendo “expectável uma maior adesão esta quarta-feira [hoje]”. O Ministério da Saúde não revelou números da adesão até ao fecho desta edição.
SAIBA MAIS
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses convocou a greve para exigir aumentos da grelha salarial e também para reclamar a compensação do risco, melhorias no trabalho por turnos ou a transição dos enfermeiros especialistas.
A Fnam exige a reposição do horário de trabalho semanal de 35 horas, a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt