Guterres defende "mega-acordo" para migrações

Afirma que só assim se pode evitar uma "tragédia humanitária".

16 de fevereiro de 2016 às 20:23
António Guterres, Síria, refugiados Foto: EPA
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O ex-alto-comissário para os Refugiados António Guterres defendeu esta terça-feira que só um "mega-acordo" entre países europeus e vizinhos da Síria para a reinstalação de centenas de milhares de pessoas pode evitar uma "tragédia humanitária de proporções calamitosas".

Guterres, que falava na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, afirmou que "alguns [países] europeus estão abertos" a um tal acordo mas, "se não for possível à escala da União Europeia", deve ser feita uma "coligação dos países que estiverem disponíveis para isso".

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Para Guterres, um acordo é a única forma de evitar a movimentação de milhares de pessoas pelos Balcãs que provocou nas opiniões públicas dos vários países o receio de estar perante "uma invasão da Europa". O caos a que se assistiu não se deveu ao elevado número de migrantes, disse, sublinhando que chegaram em 2015 dois migrantes por cada 1.000 cidadãos europeus, mas à "total ausência de resposta" da União Europeia.

E nesse aspeto, frisou, "a Alemanha ainda é a grande válvula de escape do sistema", porque muitos países europeus "fecharam a porta" deixando para a Alemanha a resolução do problema. Guterres advertiu para a situação limite de que se aproximam os países vizinhos da Síria - Turquia, Jordânia e Líbano, que acolhem mais de quatro milhões de refugiados - e para as "consequências imprevisíveis" que daí podem advir, como uma expulsão dos refugiados para a Síria.

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O ex-alto-comissário defendeu também a necessidade de "uma campanha muito forte de pedagogia" que permita que o debate sobre migrações "deixe de ser esquizofrénico", com as sociedades europeias cada vez mais envelhecidas e ao mesmo tempo a recusarem receber migrantes.

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