Magistrados nem têm impressoras a cores
Combate à corrupção tem falta de meios.
A procuradora Maria José Morgado revelou ontem que, neste momento, a luta por meios no Ministério Público está a nível do papel e da tinta das impressoras.
"Temos uma autonomia de mão estendida", afirmou a diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, no encerramento das jornadas sobre a corrupção, que se realizaram na Figueira da Foz. Também João Marques Vidal, diretor do DIAP de Coimbra e irmão da procuradora-geral Joana Marques Vidal, denunciou a falta de meios – nenhum magistrado tem uma impressora a cores. "Quando temos de imprimir uma fotografia a cores temos de ir à GNR ou à PSP", exemplificou.
Falando sobre o panorama da corrupção em Portugal, Maria José Morgado considerou que este fenómeno está "cada vez mais enraizado". "Torna tudo mais caro e torna-nos mais pobres", sublinhou.
A procuradora disse ainda que a corrupção "é como a gripe: num corpo humano doente pode ter efeitos fatais", defendendo tribunais especializados para a criminalidade económica, tal como já existem, por exemplo, os tribunais de família ou do comércio.
"A verdadeira especialização não existe", afirmou a diretora do DIAP de Lisboa.
Maria José Morgado participou numa mesa de debate que contou com Teófilo Santiago. O assessor de investigação criminal que esteve na investigação do processo ‘Face Oculta’ elogiou a articulação entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, pedindo "coragem e vontade" aos magistrados.
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