Médicos e enfermeira julgados por morte no Porto
Técnico de informática, de 32 anos, faleceu após ser operado às amígdalas e à tiroide.
Três médicos e uma enfermeira vão ser julgados em outubro no Tribunal do Bolhão pelo crime de homicídio por negligência. Em causa está a morte de um técnico de informática, de 32 anos, após ser operado às amígdalas e à tiroide, a 8 de outubro de 2010 na Ordem Terceira de São Francisco, no Porto.
Manuel Carvalho não terá sido, segundo a acusação, devidamente vigiado no pós-operatório e morreu por asfixia devido a um edema (inchaço) na laringe.
O Ministério Público diz que o doente só esteve com vigilância permanente durante 1h10, tempo que considera insuficiente face "ao potencial risco das cirurgias". O procurador considera mesmo que ao omitirem essa vigilância os arguidos "demitiram-se dos mais elementares deveres de cuidado".
O processo revela que o técnico de informática, que vivia em Barcelos, tinha problemas crónicos de amígdalas e uma tumefação da tiroide. Foi encaminhado para a Ordem Terceira de São Francisco, onde lhe foi proposto que realizasse uma cirurgia de amigalectomia total e de tiroidectomia total com um único ato anestésico.
Na cirurgia, que começou às 17h45, participou um cirurgião da Ordem Terceira de São Francisco, um otorrinolaringologista e um médico anestesista, todos eles agora arguidos no processo. A cirurgia terminou às 21h15 e até às 22h25 o paciente esteve na sala de recobro a ser acompanhado pelos médicos e enfermeiras. Foi depois encaminhado para a área do internamento, onde não existia monitorização permanente.
O estado do doente, que já apresentava um edema sem evolução, agravou-se rapidamente. À enfermeira arguida no processo, Manuel Carvalho queixou-se de dores e expeliu saliva com sangue. Só às 05h45 é que a enfermeira chamou um médico. O doente estava já em paragem cardiorrespiratória e morreu pouco depois.
Mãe da vítima pede uma indemnização de 130 mil euros
O julgamento deveria ter começado ontem no Tribunal do Bolhão, no Porto, mas foi adiado devido à falta de uma perícia do Instituto de Medicina Legal.
No processo, a mãe do doente, que era solteiro e não tinha filhos, pede uma indemnização de quase 130 mil euros contra os quatro arguidos e a Ordem Terceira de São Francisco. Estão marcadas sessões de julgamento para os dias 2, 3 e 9 de outubro.
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