Levar santos aos altares custa meio milhão de euros

"As beatificações e canonizações são uma autêntica máquina de fazer dinheiro", chegando o Vaticano a cobrar "meio milhão de euros por apenas uma causa".

Estas são duas das centenas de revelações polémicas do livro ‘Via Crucis’, do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, cuja publicação está a deixar apavorada meia Cúria Romana.

Mas, para mal dos pecados de muitos no Vaticano, há um segundo livro, chamado ‘Avareza’, escrito por Emiliano Fittipaldi, que revela muito do que lhe foi contado pelo padre espanhol Lúcio Balda, detido há dias pela Gendarmeria Vaticana.

Entre outros assuntos, Fittipaldi diz que a Igreja investiu na petrolífera Exxon, na química americana Dow Chemical e, pasme-se, num canal de televisão pornográfico. Este terá sido realizado pela diocese eslovena de Maribor.

Voltando ao ‘Via Crucis’, o autor sugere que quanto mais se pagasse, mais assegurada estava a beatificação ou canonização do candidato à santidade.

Sem desmentir valores, o cardeal português José Saraiva Martins disse esta quinta-feira ao Correio da Manhã que "nem a Congregação nem o Vaticano ganham um cêntimo com as causas de canonização".

"O dinheiro é pago pelos postuladores aos teólogos, médicos ou outros especialistas chamados à análise do processo. Dizer que as causas são uma forma de ganhar dinheiro é uma mentira", acrescentou o cardeal.

Com dezenas de páginas dedicadas ao "descontrolo" das contas da Santa Sé ou aos benefícios fiscais do Estado do Vaticano, o livro, cujas informações o porta-voz do papa não desmentiu, causou, ao que o CM apurou, "grande desgosto e dor" ao papa Francisco.

Apesar de escapar ao turbilhão de críticas, o papa não terá gostado de ver expostos na praça pública documentos secretos relativos às contas da Santa Sé, numa altura em que tenta implementar reformas profundas na máquina administrativa.

Há quem assegure que foram as mudanças promovidas por este papa que acabaram por promover a divulgação de muitas das informações. Há mesmo quem defenda que Francisco se encontra "muito só".