Microplásticos encontrados em mexilhões e ostras no Algarve
Estudado o efeito das partículas nos recursos marinhos.
Investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve encontraram microplásticos em mexilhões, ostras e salmonetes na costa do Algarve. O projeto é financiado em cerca de 3 milhões de euros pela União Europeia, divididos por dez países.
A presença de microplásticos foi detetada no último verão, com principal incidência nas zonas de Sagres e Portimão. A professora catedrática Maria João Bebianno, de 66 anos, coordenadora do CIMA, explica que "há um processo inflamatório nos mexilhões causado pela acumulação do microplástico", frisando que "é uma descoberta inédita" por se ter encontrado "muita quantidade de microplástico, sobretudo de cor azul, nos bivalves".
Neste momento está-se a tentar identificar se há microplásticos presentes nas ameijoas da Ria Formosa – os resultados serão conhecidos dentro de alguns meses.
Quanto aos efeitos para a saúde pública, Maria Bebianno explica que "já foram detetadas partículas nas fezes humanas. É natural". Ainda assim, não existe uma investigação sólida nesta matéria, refere.
Investigadora da UALG nas Nações Unidas
Maria João Bebianno é a única portuguesa num grupo de trabalho da ONU cujo projeto avaliará a água dos oceanos. No outro estudo dos bivalves os resultados são discutidos esta semana em Lanzarote (ilhas Canárias).
PORMENORES
Microplásticos
Tratam-se de partículas com tamanho inferior a 5 milímetros e são ou resultado da degradação dos macroplásticos ou provêm diretamente de cremes, esfoliantes e pasta de dentes.
Consumo humano
É mais preocupante o consumo de bivalves do que os peixes, porque neste caso a maior parte dos microplásticos está a ser detetada nas vísceras.
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