Nómadas digitais queixam-se de Lisboa. Mas será que são eles os lesados?
Por mais que a cidade de Lisboa mereça muitas das críticas e que as suas gentes estejam longe de ser as mais espetaculares no que toca à hospitalidade, há críticas que custam a engolir quando são feitas por alguém que representa precisamente um dos principais grupos causadores do descalabro lisboeta.
As notícias, durante os últimos dias, foram dando conta de que um cidadão estava desapontado com Lisboa. É notável que a sensibilidade e as expectativas de um só cidadão tenham o extraordinário poder de concentrar em si o foco noticioso quando eu, que vou prestando atenção ao que meio que me rodeia e às pessoas que o habitam, poderia, sem grande margem de erro, alegar que há talvez meio milhão de lisboetas muito desapontados com a cidade onde vivem. E só não são mais porque os restantes dois milhões que usam a cidade ou circulam por Lisboa não são administrativamente lisboetas, uma vez que vivem fora da capital do País.
O cidadão que pôs em causa, com grande estrondo e maior reverberação, as qualidades da cidade mais conhecida e popular do distrito de Lisboa (mais que não seja, por lhe dar o nome) chama-se Pieter Levels. É um nómada digital neerlandês, tem 36 anos e fundou, entre outros projetos digitais de razoável sucesso, uma plataforma chamada Nomad List, que funciona como uma espécie de guia - daqueles ao estilo do Trip Advisor ou do Vivino, por exemplo - com uma componente, de certo modo, de bolsa de valores. De uma maneira muito resumida, a Nomad List ("a" e não "o", porque se trata não só de uma plataforma, como também de uma lista) apresenta, segundo alguns critérios tidos como fundamentais (e que fazem todo o sentido, já agora: da segurança à qualidade da Internet, da simpatia para com visitantes aos níveis perceptíveis de racismo, do custo de vida à rede de transportes e de serviços, entre outros padrões bastante sensatos), uma espécie de top de cidades mais apetecíveis, acessíveis, vantajosas e simpáticas para os nómadas digitais.
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