Ordem dos Médicos do Norte preocupada com sobrecarga na ULS Tâmega e Sousa
Serviço de Medicina Interna tem verificado, "de forma contínua e acentuada nas últimas semanas, um pico assistencial".
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) manifestou, esta segunda-feira, preocupação com o alerta dos internistas da ULS do Tâmega e Sousa sobre a sobrecarga assistencial, assegurando que irá acompanhar o processo e intervir para promover soluções.
Médicos do Serviço de Medicina Interna da ULS do Tâmega e Sousa alertaram para a sobrecarga assistencial no internamento e avisam que não aceitarão mais doentes em condições "inseguras ou indignas" fora das enfermarias ou das unidades de transição.
Em comunicado, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos diz que recebeu um comunicado dos médicos, no qual é relatada a sobrecarga assistencial do Serviço de Medicina Interna, e manifesta a sua preocupação "face à gravidade da situação descrita".
"A SRNOM, zelando pelo melhor interesse da segurança dos doentes e dos profissionais, acompanhará este processo e intervirá no âmbito das suas competências, promovendo a procura de soluções que salvaguardem a qualidade dos cuidados e a segurança dos doentes", salienta no comunicado.
A "Posição dos médicos do Serviço de Medicina Interna sobre limites assistenciais e segurança dos doentes", divulgada esta segunda-feira pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), alerta para serviços sistematicamente sobrelotados.
"Historicamente, o hospital tem funcionado em regime de sobrecarga assistencial, contudo, a pressão atual sobre os internamentos atingiu um ponto crítico que compromete objetivamente a segurança dos doentes e a qualidade dos cuidados prestados", alertam os médicos.
Segundo os profissionais, o Serviço de Medicina Interna tem verificado, "de forma contínua e acentuada nas últimas semanas, um pico assistencial, que ultrapassa todos os limites previamente observados".
Os signatários do documento avisam que, "a partir deste momento, não aceitarão a manutenção de doentes em condições irregulares, inseguras ou indignas, nomeadamente fora das enfermarias ou das unidades de transição para o internamento".
Alertam que, uma vez atingido o limite máximo de 166 doentes internados no Serviço de Medicina Interna na Unidade Padre Américo, em Penafiel, "não tomarão decisões que coloquem em risco os doentes".
Avisam ainda que, "não havendo condições consideradas dignas e seguras, a responsabilidade de realizar o internamento passará para o seu superior hierárquico".
Os internistas afirmam que estarão assegurados "todos os cuidados urgentes e inadiáveis aos doentes".
"Este documento expressa uma decisão ponderada e tecnicamente fundamentada, tomada em defesa dos princípios éticos que regem a profissão médica e da missão assistencial do hospital", sublinham.
A Federação Nacional dos Médicos também manifestou, esta segunda-feira, o seu "apoio total, inequívoco e incondicional" aos médicos, adiantando que o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN), que integra a Fnam, já exigiu explicações formais e reunião ao Conselho de Administração.
Para a Fnam, o documento assinado pelos médicos "é tecnicamente irrepreensível, eticamente obrigatório e juridicamente prudente".
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