Declarações surgem após críticas da autarca de Bragança de que há uma redução de médicos internos a fazer formação na Unidade Local de Saúde do Nordeste, culpando o Governo.
O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde sublinhou esta sexta-feira que dar incentivos aos médicos para ficarem no Interior não deve ser feito na fase de formação, depois das críticas da autarca de Bragança.
A presidente da câmara de Bragança, Isabel Ferreira, adiantou esta semana, à Lusa, que há uma redução de médicos internos a fazer formação na Unidade Local de Saúde do Nordeste e culpou o Governo, porque abriu vagas noutros hospitais de grandes centros urbanos, atraindo para lá os jovens.
A autarca entende que esta medida acentua o desequilíbrio entre o Litoral e o Interior e, por isso, defendeu "medidas de incentivo para o Interior", dizendo que "se há aumento de vagas em determinadas formações, que fossem exclusivamente nos territórios do Interior".
Confrontado com esta crítica, na visita ao hospital de Bragança, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Álvaro Almeida, afirmou que "não pode ser na formação" que os médicos devem ser alocados ao Interior, embora haja falta destes profissionais, porque "a formação tem de ser aquela que permita captar o maior número de médicos para as especialidades".
"Não pode ser na formação que se faz essa discriminação positiva do Interior que é necessária. Onde se deve fazer essa descriminação é depois, após a formação, na colocação dos médicos internos e aí o Serviço Nacional de Saúde tem privilegiado o Interior, tem sistematicamente aberto menos vagas nos grandes hospitais do que os internos que formaram, precisamente para que esses internos vão para outros hospitais do Interior onde não fizeram formações", disse o diretor executivo do SNS aos jornalistas.
De acordo com a Unidade Local de Saúde do Nordeste, o número de médicos internos a fazer formação nesta instituição tem vindo a diminuir. Num total de 46 vagas, em 2024 entraram 38 médicos internos, em 2025, 26 e em 2026 vão entrar apenas 11, ficando por preencher 35 lugares.
Para Álvaro Almeida, isto "não é um problema". "As vagas por preencher na formação é sinal de que o SNS tem capacidade para formar todos os médicos que queiram ser formados", frisou.
A Lusa teve acesso aos mapas de vagas atribuídas a cada unidade local de saúde, onde é possível verificar um aumento de vagas, 176, entre 2025 e 2026. O maior aumento verificou-se nas instituições do Norte, onde praticamente todas as unidades locais receberam mais vagas, destacando-se Braga, Alto Ave, São António e São João, mas na Unidade Local de Saúde do Nordeste não houve qualquer alteração.
Este aumento de vagas é, na opinião do diretor executivo do SNS, essencial para "formar o maior número possível de médicos de especialistas". "Aquilo que é estratégia do sistema de saúde português é mobilizar toda a capacidade formativa existente para poder acolher todos os médicos que queiram obter uma especialidade, independentemente do local onde essa formação é realizada. Se conseguirmos atrair mais um médico, abrindo uma vaga seja onde for, devemos fazê-lo senão estariam um médico que vai ser essencial para o SNS", referiu.
Outro dos problemas na Unidade Local de Saúde do Nordeste, que tem vindo a criticado por autarcas e população, é o encerramento da urgência cirúrgica do hospital de Mirandela, há mais de dois anos.
Na altura, devido à greve dos médicos às mais de 150 horas extraordinárias, os dois cirurgiões alocados ao hospital de Mirandela foram destacados para o hospital de Bragança. A urgência cirúrgica de Mirandela encerrou e até esta sexta-feira não reabriu e continua a não haver previsões de reabertura.
"A falta de recursos humanos não é específica das regiões do Interior, não é específica do Nordeste, nem sequer é específica de Portugal. É um problema geral em todos os sistemas de saúde. (...) Aquilo que nós temos de fazer é gerir os poucos recursos que temos de maneira a garantir que esses recursos estão onde eles são mais necessários", disse Álvaro Almeida.
Questionado se a urgência cirúrgica não reabre por falta de médicos ou porque não há concurso público para contratação de cirurgiões, Álvaro Almeida assegurou que tem "respondido positivamente a todas as necessidades colocadas pela ULS Nordeste", acrescentando que aguardará para ver se as vagas serão preenchidas.
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