Portugueses sem dinheiro para remédios e consultas

Em 2023 mais de 11% das pessoas com episódio de doença optaram por não recorrer ao sistema de saúde.

23 de janeiro de 2025 às 01:30
Medicamentos Foto: Getty Images
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Muitos portugueses não adquirem todos os medicamentos prescritos ou evitam ir às urgências ou a consultas por dificuldades financeiras. Estas são algumas das conclusões do relatório ‘Acesso a Cuidados de Saúde 2023: Uma Década de Evolução’, da Universidade Nova de Lisboa, apresentado oficialmente esta quarta-feira.

O documento refere que, em 2023, 11,26% dos inquiridos optaram por não recorrer ao sistema de saúde, apesar de estarem doentes: destes, 75,6% automedicaram-se e os restantes esperaram que os sintomas passassem. Sobre as barreiras financeiras no acesso à saúde, 9,1% dos inquiridos referiram não ter adquirido todos os medicamentos prescritos por falta de dinheiro, enquanto 4,5% não foram a uma urgência ou consulta pelo mesmo motivo.

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Mais de um terço (36%) pediram para trocar um remédio de marca por um genérico (mais barato), e 4,7% não foram à urgência por não poderem perder um dia de salário.

O estudo, coordenado por Pedro Pita Barros, indica ainda que “um indivíduo do escalão socioeconómico mais desfavorecido tinha 41% de probabilidade de não obter todos os medicamentos que devia para tratar o episódio de doença”. A despesa com medicamentos continua a ser o maior encargo de quem recorre ao sistema de saúde.

Em 2023, os inquiridos “reportaram uma despesa média com medicamentos associados às visitas a cuidados de saúde primários de 23 euros”, acima do registado em 2022 (19,8 euros).

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SAIBA MAIS
POBRES MAIS VULNERÁVEIS

A probabilidade de ter episódios de doença é “fortemente condicionada” pelo contexto social. Em 2023, a probabilidade atingia 66% das pessoas do grupo com maiores restrições financeiras e 29% nas classes mais favorecidas.

MENOS PROVÁVEL TER

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O relatório apresentado esta quarta-feira indica que a probabilidade de um indivíduo ter médico de família atribuído pelo SNS baixou significativamente nos últimos anos: em 2020 era de 91%, em 2023 era de 80 por cento.

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