Professora demitida por divulgar exame de Português
Edviges Ferreira, ex-presidente da Associação de Professores de Português, foi afastada.
Edviges Ferreira, antiga presidente da Associação de Professores de Português e docente dos quadros do Ministério da Educação, foi afastada do ensino público por ter divulgado a alunos conteúdos do exame de Português de 2017.
"O ministro da Educação determinou a aplicação da sanção disciplinar de demissão à docente que, em violação do dever de confidencialidade a que estava vinculada, deu a conhecer informação relativa a conteúdos do exame de Português 639, realizado a 19 de junho de 2017", afirma o Ministério da Educação numa nota em que nunca refere o nome da docente.
Segundo a tutela, no processo disciplinar instaurado pela Inspeção-Geral da Educação, "todas as infrações constantes dos artigos da acusação foram consideradas provadas, concluindo-se que a docente terá agido de forma consciente e intencional, desrespeitando gravemente os seus deveres funcionais e o interesse público".
A professora "foi já notificada da decisão", que tem efeitos imediatos. O CM tentou, sem sucesso, obter uma reação de Edviges Ferreira. A docente dava explicações a uma aluna a quem contou que na prova ia sair Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX.
Um áudio partilhado por outra aluna na aplicação WhatsApp levou à denúncia feita por um professor chamado Miguel Bagorro.
Estudantes não aproveitaram
Os alunos não aproveitaram a informação para subir as notas, não tendo havido "benefício mensurável", revelou o ME em 2017.
O ME prometeu esperar a conclusão do processo disciplinar à docente para aplicar "eventuais medidas" aos alunos , mas não é crível que o faça.
Parlamento debate diploma a 16 de abril
A apreciação parlamentar sobre o diploma do Governo que devolve 2 anos e 9 meses de tempo de serviço congelado aos docentes foi marcada para 16 de abril. BE e PCP propõem a contagem integral dos 9 anos, 4 meses e 2 dias.
Rui Rio, líder do PSD, disse ontem que ainda não decidiu e deixou um aviso: "Os professores têm de ter presente que, com este diploma, não têm nove anos, mas têm pelo menos dois. Se este diploma cair, não têm nada."
PORMENORES
Acusada de dois crimes
O Ministério Público revelou em março de 2018 que deduziu acusação contra a docente e requereu o julgamento por um crime de violação de segredo por funcionário e um outro crime de abuso de poder.
Fenprof vai para tribunal
A Fenprof vai avançar hoje com ações em tribunal para contestar ultrapassagens na carreira de 56 mil docentes que entraram na carreira até 2010, e que foram ultrapassados por cerca de 11 mil docentes que entraram nos quadros no período do congelamento, entre 2011 e 2017.
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