Risco de seca extrema para as próximas décadas

Falta de água pode atingir cerca de 753 milhões de pessoas em todo o planeta.

25 de setembro de 2025 às 01:30
Sul de Portugal será uma das áreas com escassez de água Foto: Miguel Veterano
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Um estudo divulgado, nesta terça-feira, na revista cientifica Nature Communications alertou para o risco de uma seca extrema atingir 753 milhões de pessoas até ao final deste século.

"Quase 9% da população global atual será exposta à DZD", refere o estudo realizado na Coreia do Sul, destacando que DZD é a sigla para "Day Zero drought" que significa seca do dia zero, sendo este um momento em que uma região fica sem água potável para distribuição.

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Esta é a primeira estimativa conhecida deste tipo e indica que os pontos críticos de escassez de água provavelmente surgirão no Mediterrâneo, no sul de África e em partes da América do Norte nesta e na próxima década, segundo a agência de notícias EFE.

O estudo baseado em modelos do Instituto Coreano de Ciências Básicas indica que o risco de escassez severa de água devido às alterações climáticas afetará 74% das regiões propensas à seca.

A região do Mediterrâneo seria a zona mais exposta nas áreas urbanas, sendo que a área pode enfrentar momentos severos de seca nos próximos 20 anos.

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Dentro das 753 milhões de pessoas afetadas pelo DZD, 467 milhões de cidadãos em áreas urbanas poderão estar vulneráveis à escassez extrema de água se ocorrer um aquecimento de 1,5 graus celsius acima dos níveis pré-industriais.

Os níveis pré-industriais são as condições da temperatura e das concentrações de gases de efeito de estufa na atmosfera antes do início da era industrial.

O norte e o sul de África e partes da Ásia enfrentariam os impactos mais severos nas áreas rurais.

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O período de tempo de um DZD para outro é mais curto do que a duração de um DZD, o que prejudica a fase de recuperação e agrava o momento de seca extrema.

O estudo alerta para urgência de criar "estratégias hídricas mais proativas para evitar os impactos sociais graves do DZD".

De acordo com a investigação, devido à crescente gravidade do stresse hidrológico (quando a procura de água é maior do que a quantidade disponível), "14% dos principais reservatórios podem já secar durante os primeiros eventos de seca de dia zero", disse o coautor do estudo Christian Franzke.

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A coautora do estudo Vecchia Ravinandrasana disse ainda que as secas de dia zero "já não são um cenário distante" e que já estão a ocorrer.

"Sem adaptação imediata e gestão sustentável da água, centenas de milhões de pessoas provavelmente enfrentarão escassez de água sem precedentes no futuro", indicou Ravinandrasana.

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