Ryanair cancela voos para Marrocos a partir de domingo e culpa Governo português
Regulador da aviação aponta falhas à companhia aérea.
A Ryanair cancelou os voos que tinha previstos de Portugal para Marrocos a partir deste domingo, afetando três mil passageiros. A companhia aérea responsabiliza o Ministério das Infraestruturas por não ter emitido a documentação necessária e aconselha mesmo os passageiros a telefonar para este ministério.
"Lamentamos informar que tivemos de cancelar os voos previstos de Portugal para Fez, Marraquexe e Agadir a partir deste domingo e na próxima semana. Estamos surpreendidos, porque o Ministério das Infraestruturas não emitiu a documentação e não percebemos qual o motivo. Operamos de Portugal para Marrocos há três anos, e algum burocrata falhou na emissão dos documentos", afirmou uma porta-voz da Ryanair num vídeo publicado no canal da companhia no YouTube. "Recomendamos que contacte o Ministério das Infraestruturas e pergunte porque os papéis não foram emitidos", afirma a porta-voz, frisando que os passageiros serão "notificados do cancelamento e informados sobre as possibilidade de serem compensados ou marcarem vos para outros destinos".
"Tinha voo marcado para quinta-feira e agora não sei o que vai acontecer", afirmou ao CM Ana Tito, uma das passageiras afetadas.
O CM contactou a assessoria de imprensa do Ministério das Infraestruturas, que recusou comentar e remeteu esclarecimentos para a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC).
À Lusa, a ANAC, responsável por este tipo de autorizações, esclareceu que a "Ryanair não instruiu o pedido conforme estabelecido na lei, quer quanto ao prazo quer quanto ao cumprimento dos requisitos legais, entregando todos os documentos necessários para a análise do pedido, tendo a ANAC solicitado por diversas vezes".
"Ilegal seria conceder a autorização violando a lei em vigor", acrescentou o regulador.
Relativamente aos passageiros afetados, a ANAC sublinhou que "a companhia deverá protegê-los, indemnizando e ou compensando, conforme aplicável".
No comunicado da Ryanair, a companhia defende que esta situação configura "uma violação clara do Acordo de Céus Abertos da UE [União Europeia] em vigor com Marrocos".
A companhia aérea de baixo custo disse ainda ter tentado "várias vezes garantir essas permissões no último mês".
A Ryanair opera voos entre Lisboa e Agadir, Fez e Marrakech, em Marrocos, há três anos.
O diretor comercial da Ryanair, Jason McGuinness, considerou, citado na mesma nota, "ultrajante que burocratas sem rosto do Ministerio das Infraestruturas se tenham recusado a permanecer nos seus escritórios na sexta-feira para resolver o assunto, partindo para o fim de semana do feriado enquanto destruíam os planos de feriado para mais de 3.000 dos seus concidadãos".
"Nenhum documento necessário para a emissão das autorizações referidas é emitido por este Ministério", respondeu desta forma fonte oficial das Infraestruturas e Habitação, contactada pela Lusa.
A Ryanair acrescentou ainda que irá tentar encontrar alternativas de viagem ou reembolsos para os passageiros afetados pelos cancelamentos.
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