Seis mil raios-X perdidos
Desapareceram do Hospital de Egas Moniz, em Lisboa, seis mil radiografias, na esmagadora maioria de doentes de cancro, mas também de pacientes do foro ortopédico. O Conselho de Administração do Centro Hospital de Lisboa Ocidental (CHLO) – que integra aquela unidade e os Hospitais de São Francisco de Xavier e Santa Cruz – nega o desaparecimento dos exames de diagnóstico e alega que estes se encontram arquivados numa ala do hospital, nos antigos Cuidados Intensivos.<br/><br/>
O Serviço de Ortopedia do Centro Hospital de Lisboa Ocidental funcionou, até Abril de 2008, no Hospital de Egas Moniz. A partir dessa data, o serviço foi transferido para o Hospital de São Francisco de Xavier. Entretanto, foi solicitada a digitalização desses exames médicos, tendo a administração do CHLO aberto concurso para a realização dessa tarefa – a digitalização dos exames clínicos.
Ao que o CM apurou, os exames foram deixados no Hospital Egas Moniz por falta de espaço no Hospital de São Francisco de Xavier. Porém, um ano mais tarde, em Abril de 2009, foram solicitados pelo Serviço de Ortopedia os exames dos doentes para concluir o processo de digitalização.
Serviço de Gestão de Doentes, Microfilmagem, Serviços Gerais e Serviço de Transportes foram algumas das entidades a quem foi pedida a localização dos exames raios-X, mas sem sucesso.
Fontes contactadas pelo CM afirmam que a confidencialidade dos dados dos doentes pode estar em causa, uma vez que se desconhece o paradeiro dos exames.
As mesmas fontes contrariam a versão do conselho de administração, afirmando "não ser possível que os exames estejam arquivados no sector dos antigos Cuidados Intensivos, uma vez que funcionou ali, nos últimos tempos, o serviço de Medicina 1 e não está lá nada, à excepção das paredes".
OBRAS MOTIVAM QUEIXAS
Não houve falta de reclamações de utentes, médicos, enfermeiros e restantes profissionais de Saúde durante os largos meses em que se arrastaram as obras de remodelação do Serviço de Urgências do Hospital de São Francisco de Xavier.
As obras prolongaram-se mais oito meses para além do período da conclusão previsto inicialmente, com a consequente falta de condições de trabalho para os profissionais de Saúde e de condições para os próprios doentes. Os médicos chegaram a alertar para o facto de todas as pessoas estarem em risco de contrair uma infecção hospitalar. As obras já terminaram.
MUITO PÓ E POUCO MÁRMORE
Os doentes do Egas Moniz queixam-se do pó das obras que se arrastam há vários anos no hospital, obras essas que levaram ao desaparecimento de "pedras de mármore com cem anos e de bastante valor". "Ninguém sabe onde param as pedras e ninguém se preocupa com a falta de condições para os doentes."
APONTAMENTOS
CENTRO HOSPITALAR
O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, foi criado a 29/12/2005, mas os hospitais que o compõem têm uma história individual de décadas.
POLÉMICAS
A transferência de serviços de um hospital para o outro não está isenta de críticas nem de alguma polémica, alegando-se que foram para o Hospital de São Francisco de Xavier as valências "que dão dinheiro à unidade".
400 MIL CONSULTAS
O CHLO tem uma lotação de 900 camas. Por ano, realiza 400 mil consultas e atende 200 mil doentes na Urgência.
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