Um quarto das espécies da fauna de água doce estão em risco de extinção
Estudo revela que 89 espécies de fauna de água doce já foram confirmadas como extintas.
Quase um quarto (24%) das espécies da fauna de água doce, incluindo crustáceos, peixes e insetos, enfrentam "risco elevado de extinção" devido à destruição de habitats pela poluição, barragens e agricultura intensiva, conclui um estudo publicado esta quarta-feira.
O estudo, publicado na revista científica Nature, analisou 23.496 espécies e concluiu que as ameaças são especialmente graves no caso dos crustáceos, com 30% em risco de extinção, mas são significativas também no caso dos peixes, com 26% das espécies em risco; répteis anfíbios (como rãs e salamandras) mamíferos e aves, com 23% por cento em risco; e insetos da ordem 'Odonata' (libélulas e libelinhas), com 16% das espécies em risco de extinção.
Os habitats de água doce - rios, lagos, lagoas e zonas húmidas - apesar de cobrirem menos de um por cento da superfície da Terra acolhem mais de 10% de todas as espécies conhecidas.
De acordo com o estudo, realizado por uma equipa internacional de dezenas de cientistas coordenada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), 89 espécies de fauna de água doce já foram confirmadas como extintas desde o ano 1500 e 178 espécies são consideradas como possivelmente extintas.
Segundo o artigo sobre o estudo publicado esta quarta-feira na Nature estes números poderão estar subestimados uma vez que para 23% das espécies analisadas existe informação insuficiente. O estudo analisou dados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN.
Os investigadores consideram no artigo que "é urgente agir rapidamente para conter o declínio acelerado de espécies" e que "a gestão das zonas de água doce tem de sofrer alterações para que seja dada "prioridade à proteção da biodiversidade".
O estudo conclui que 54% das espécies ameaçadas são afetadas pela poluição, 39% pelas barragem e captações de água, 37% pelo impacto da agricultura e 28% por espécies invasoras e doenças. A maioria (84%) das espécies de água doce ameaçadas enfrentam mais do que uma ameaça em simultâneo e um quinto sofrem também o impacto das alterações climáticas e dos fenómenos meteorológicos violentos cada vez mais frequentes que lhes estão associados.
Os investigadores estimam que entre 1970 e 2015 desapareceram cerca de 35% das zonas húmidas até aí existentes.
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