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Animais e plantas estão a adaptar-se de formas peculiares à influência dos humanos

A influência do ser humano no mundo está a refletir-se na evolução das espécies. Desde árvores a encolher a elefantes sem presas, a vida selvagem encontra formas de sobreviver.

06 de janeiro de 2025 às 17:34

Num mundo dominado pelos humanos, os animais tornam-se presas do Homem, nomeadamente por valor comercial. Quando a procura humana se torna desmedida, a ‘mãe natureza’ encarrega-se de regular o Mundo – mesmo que a mudança seja pouco lucrativa para o Homem.

Os exemplos são vários: Conhecida pela sua durabilidade, o mogno ou ‘Swietenia mahagoni’, espécie de madeira da Caraíbas, tornou-se sinónimo de luxo. E com a fama, vem a procura. Mais de 70% das maiores árvores desta espécie, outrora pilares dos ecossistemas das florestas tropicais, foi devastada desde a década de 1970. Com o corte destas espécies, a reprodução do seu diverso fundo genético, que promovia o seu crescimento, não se realizou. No século XXI, “os mognos permanecem abundantes, mas diferentes”, afirma a Malin Rivers da Botanic Gardens Conservation International, uma organização não-governamental do Reino Unido, que estuda o ambiente. “Estas árvores mais novas já não apresentam a grande forma imponente da ‘Swietenia mahagoni’ comercial e nunca chegará às alturas que trouxeram fama à espécie”, explica Rivers. Dos exemplares que, em tempos, alcançaram os 20 metros de altura, “hoje existem só árvores mais pequenas, semelhantes a arbustos com pouco valor comercial”.

Já em Moçambique, os elefantes da savana africana contrariam os caçadores das suas presas. Durante a guerra civil no país, o número de elefantes diminuiu cerca de 90% no Parque Nacional da Gorongosa. Com a população da espécie a recuperar, bastantes fêmeas de elefantes cresceram sem presas, uma vez que estes animais são menos prováveis de serem atacados. Os dentes gigantes, utilizados para cavar a terra, adquirir comida e autoproteção tinham, para o homem, um valor médio por quilo na ordem dos 330 dólares (cerca de 320 euros). Sem as presas, desaparece a motivação comercial e, portanto, diminui-se a caça. Tanya Smith, da World Wide Fund, considera a situação “uma trágica adaptação em resposta à pressão devastadora da caça em décadas”. Smith afirma ainda que este é “um exemplo desastroso de como a pressão humana pode significar a perda de algo que torna os elefantes tão icónicos”.

Por sua vez, os caracóis que vivem em centros urbanos estão a adaptar-se ao clima cada vez mais quente. Quando está calor, o ser humano liga o ar condicionado e os caracóis criam cascas mais claras. Este método de auto refrescamento foi identificado por cientistas dos Países Baixos, a partir de milhares de fotografias. As cascas dos caracóis passaram de tons castanho escuro para amarelo pálido. O professor Menno Schilthuizen, biólogo holandês afirma que “os caracóis dentro de cascas escuras tendem a aquecer mais, arriscando a morte por hipertermia”, ou seja, temperatura corporal demasiado elevada. Schilthuizen diz ainda que “provavelmente, a cor pálida da casca mantém os caracóis frescos o suficiente nos dias mais quentes na cidade”.

Um estudo publicado em 2013 revelou também que as andorinhas do Nebraska desenvolveram asas mais pequenas devido ao risco de acidentes com carros. O tamanho reduzido das asas tornam o animal mais ágil, capaz de se desviar dos carros com maior facilidade do que os pássaros com asas maiores.

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