Unidades de Continuados podem fechar por falência e falta de profissionais

Milhões da Europa não são motivadores para a criação de novas camas.

02 de outubro de 2020 às 08:11
Cuidados continuados Foto: Carlos Barroso
José Bourdain Foto: Pedro Ferreira

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"Ninguém vai arriscar endividar-se para construir um edifício onde vai ter um prejuízo enorme.” É assim que José Bourdain, presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, vê o anúncio do Governo de 200 milhões de euros de dinheiros europeus para a criação de mais 8 mil camas em Cuidados Continuados.

“Pelas nossas contas, para estas camas seriam precisos 534 milhões de euros. Ou seja, as instituições teriam de se endividar junto da Banca ou fazer as obras com capitais próprios no valor de 334 milhões”, explica. Uma medida que deverá ser difícil de concretizar. “Ou o Governo faz algumas camas ou faz uma rede própria de Cuidados Continuados. O Estado não paga o suficiente, há um subfinanciamento dos Cuidados Continuados e há unidades que correm o risco de encerrar por falência”, avisa José Bourdain.“Sem enfermeiros não funcionamos, e com o Estado a contratá-los não conseguimos cumprir. Há o risco de se encerrarem unidades por falta de enfermeiros”, alerta José Bourdain. O presidente da ANCC dá um exemplo de uma instituição algarvia que “não tem um único enfermeiro no quadro”. “Têm de vir de fora, dos hospitais e centros de saúde, fazer horas-extra”, explica. O fecho de unidades poderá levar à migração dos utentes para os hospitais. “Pode ser dramático”, diz.

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Há instituições sem um único enfermeiro a tempo inteiro

“Sem enfermeiros não funcionamos, e com o Estado a contratá-los não conseguimos cumprir. Há o risco de se encerrarem unidades por falta de enfermeiros”, alerta José Bourdain. O presidente da ANCC dá um exemplo de uma instituição algarvia que “não tem um único enfermeiro no quadro”. “Têm de vir de fora, dos hospitais e centros de saúde, fazer horas-extra”, explica. O fecho de unidades poderá levar à migração dos utentes para os hospitais. “Pode ser dramático”, diz.

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PORMENORES

9200 camas pelo País

A Rede de Cuidados Continuados Integrados conta com 9200 camas, em 400 instituições de norte a sul do País.

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“Hipocrisia” do BE

A ANCC considera “hipócritas” as declarações de Catarina Martins (BE), de que “a mão de obra é mal paga” no setor. “O BE votou sempre contra as propostas de aumento das comparticipações”, diz José Bourdain.

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