Vacinação de maiores de 60 anos contra VSR reduz infeções e custos no SNS
Estudo indica que vacinação poderia evitar 153 mil infeções e mais de dois mil internamentos em cinco anos.
A vacinação de cerca de 1,5 milhões de adultos com 60 ou mais anos contra o vírus sincicial respiratório poderia evitar 153 mil infeções e 2.489 internamentos em cinco anos, revela um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública.
Os resultados mostram que proteger os adultos com 60 ou mais anos contra o vírus sincicial respiratório (VSR) reduziria de forma significativa a carga da doença e permitiria uma poupança anual superior a 45 milhões de euros com custos diretos médicos no Serviço Nacional de Saúde.
Em declarações à agência Lusa, Joana Alves, autora principal do estudo e investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), adiantou que o estudo teve como objetivo avaliar o impacto clínico e económico da vacinação contra o vírus sincicial respiratório em Portugal em adultos com 60 ou mais anos.
Para isso, foi utilizado um modelo económico adaptado à realidade nacional, considerando um horizonte temporal de cinco anos, tendo sido utilizado dados baseados em literatura publicada em Portugal e complementados, quando necessário, com fontes internacionais.
A investigação concluiu que a vacinação de cerca de 1,5 milhões de adultos com 60 ou mais anos teria o potencial de evitar aproximadamente 153 mil casos de infeção respiratória aguda causada pelo VSR, cerca de 87 mil episódios de doença associada às vias respiratórias inferiores, 2.489 hospitalizações e 2.346 episódios de urgência em cinco anos.
Segundo o "Estudo de Impacto Económico do Vírus Sincicial Respiratório", estes episódios representam atualmente um custo anual estimado de cerca de 217 milhões de euros, incluindo hospitalizações, episódios de urgência, cuidados intensivos e consultas.
"A evidência científica já nos diz que a vacinação é um importante aliado como medida de prevenção, em termos de ganhos de saúde pública. Além disso, a vacina da VSR na população com mais de 60 anos também é custo-efetivo, contribuindo para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde", afirmou Joana Alves.
A investigadora explicou que, "apesar de a vacinação representar um aumento de custos para o Serviço Nacional de Saúde, permite, por outro lado, reduzir custos noutras áreas, em termos de hospitalizações, de cuidados intensivos e consultas evitadas".
Além disso, ao evitar hospitalizações, cuidados intensivos e consultas, a vacinação também pode ajudar "a libertar recursos clínicos que são importantes para satisfazer e suprir outras necessidades do Serviço Nacional de Saúde", realçou.
Segundo Joana Alves, o VSR é "muitas vezes sobrevalorizado", porque é associado a idades mais jovens, mas alertou que é um agente muito comum em infeções respiratórias, principalmente nos meses de outono e inverno.
"É uma das principais causas de pneumonia e insuficiência respiratória em adultos mais velhos e pode ainda agravar doenças crónicas como a DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica], a insuficiência cardíaca ou a diabetes", alertou.
"Portanto, a vacinação é realmente um fator importante e um aliado na prevenção. E, neste caso, também uma ferramenta essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde", concluiu Joana Alves.
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