"A pão e água": Empresários da restauração manifestam-se no Porto contra restrições no setor

Manifestantes alegam que novas medidas anunciadas pelo Governo são "extremamente castradoras".

09 de novembro de 2020 às 10:32
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Dezenas de proprietários de restaurantes protestaram esta segunda-feira no Porto contra as novas medidas de restrição para o setor para combater a pandemia, anunciadas na madrugada de sábado para domingo pelo primeiro-ministro.

Concentrados na Avenida dos Aliados eram, pelas 08h30, cerca de trinta pessoas, proprietários e funcionários de restaurantes, mas muitos optaram por circular de carro, buzinando.

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Os manifestantes dizem que as novas medidas anunciadas pelo Governo são "extremamente castradoras" para o setor da restauração que "irá levar ao encerramento de muitos" estabelecimentos.

"Eu entendo as medidas do Governo menos a que nos obriga a fechar e proíbe as pessoas de circularem a partir das 13h00 aos fins de semana", disse à Lusa Samuel Santos, proprietário de dois restaurantes, um em Matosinhos, outro em Gondomar, no distrito do Porto.

Este empresário defende que o confinamento deveria existir, mas "nas mesmas horas" em que ocorre durante a semana, porque "os fins de semana representam cerca de 70% da faturação".

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Os manifestantes "serviram" pão e água numa mesa instalada na Avenida dos Aliados, onde colocaram pratos e talheres, como "imagem da situação" em que se encontram.

Organizado de "forma espontânea" nas redes sociais, o protesto visa contestar e "tentar reverter" as novas medidas de restrição anunciadas para o setor, nomeadamente o recolher obrigatório a partir das 13h00 nos dois próximos fins de semana nos 121 concelhos mais afetados pela covid-19, que se junta ao já determinado encerramento dos restaurantes às 22h30.

Em declarações à Lusa, Álvaro Costa, proprietário de uma empresa de consultadoria à restauração e hotelaria, disse estar "solidário" com os seus clientes, que "apenas querem trabalhar, sem descurar, obviamente, aquilo que é essencial, ou seja evitar o aumento da pandemia".

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Pedro Maia, um dos dinamizadores do protesto, explicou que os empresário querem "deixar claro" que, "ao contrário da imagem que o Governo está a passar, os restaurantes não são o centro do contágio", exigindo conhecer "as estatísticas em que o Governo se baseia para decretar as medidas anunciadas".

"O setor está esganado", frisou, afirmando que "todos sabem que o contágio se dá em ambiente familiar" e que "o potenciador dessa situação são as escolas".

Referindo, como exemplo, uma notícia recentemente divulgada, Pedro Maia lembrou que "o maior número de infetados é o grupo dos 10 aos 19 anos".

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Criticou ainda a "falta de medidas de apoio para o setor".

"Queremos que o ministro da Economia nos diga como é que vamos fazer. Queremos saber claramente com que apoios contamos para fechar e como vamos pagar salários e rendas", afirmou.

O Governo anunciou o recolher obrigatório entre as 23h00 e as 05h00 nos dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, sendo que, ao fim de semana, o recolher obrigatório inicia-se a partir das 13h00 nos mesmos 121 concelhos.

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