Portugal identifica 20 novas zonas de risco de inundação e APA alerta para aumento de fenómenos meteorológicos extremos

Entre as novas zonas identificadas, 18 são fluviais e duas são costeiras. É necessária a definição da cartografia das zonas afetadas para que se evitem construções de risco.

09 de novembro de 2025 às 17:00
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Dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dão conta de cerca de 40 inundações e cheias em Portugal continental, nos anos de 2023 e 2024,  com impacto em centenas de pessoas e  prejuízos a rondarem os 6,5 milhões de euros. Com mais de 100 mil moradores nas zonas referenciadas como "potencialmente perigosas", já foram identificadas mais 20 áreas "inundáveis" por todo o País, para além das já 63 zonas anteriormente assinaladas, segundo dados avançados pela Agência citados pelo Jornal de Notícias.

Entre as novas zonas identificadas, 18 são fluviais e duas são costeiras, aponta o JN.

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A zona do Tejo e Ribeirinhas do Oeste é a que apresenta a maioria das áreas novas de risco detetadas, sendo uma "zona vulnerável" e "muito afetada" nos últimos anos, como explica o presidente da APA ao JN. A norte do País, a preocupação cresce nas zonas de Matosinhos, Maia-Valongo, Vila do Conde e Viana do Castelo.

Ainda não existam dados que permitam concluir em concreto o número de pessoas e estabelecimentos comerciais que poderão estar em risco nestas novas áreas identificadas, no entanto, dados referentes aos dois anos passados analisados dão conta de mais de cem mil moradores e 200 mil estabelecimentos em perigo.

De acordo com o presidente da Associação, o próximo passo é definir a cartografia das novas zonas afetadas para que, por exemplo, "se evitem novas construções em áreas de risco", aponta Pimenta Machado. Apesar dos alertas, ainda existem construções em sítios assinalados como vulneráveis a inundações, algo que "já não é justificável" por existir "conhecimento técnico e científico quanto ao ordenamento" e para que se evitem "tragédias", assinala o membro do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Para José Luís Zêzere, a APA "deverá continuar a somar" mais áreas às novas identificas, "num processo gradual", frisa em entrevista ao Jornal de Notícias.

Quanto às populações que vivem nas zonas afetadas, o professor refere não ser possível deslocar toda a gente, mas aponta ser necessário "alertar a população" para o problema e para que saiba "agir em caso de catástrofe". No que toca à minimização do risco, o presidente da APA refere existirem projetos em execução pelo País, sendo que a Associação Zero já veio defender ser "fundamental" dar-se primazia a soluções "baseadas na natureza", aponta Sara Correia, integrante da equipa.

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Nos documentos de avaliação dos riscos de inundações nas regiões hidrográficas apontam que se têm vindo a verificar "os efeitos negativos dos impactos das alterações climáticas, com maior intensidade e frequência de eventos meteorológicos extremos", cita o JN, sendo que têm vindo a ser procuradas algumas soluções estruturais por parte dos governos no que toca à temática. Entre estas estão a construção de infraestruturas hidráulicas, diques e barragens. No entanto, os especialistas apontam que este tipo de soluções "modificam a cheia, mas não a eliminam", sendo necessário apostar no ordenamento do território.

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