Experiências de rastreios populacionais ao cancro do pulmão já demonstraram a sua validade na redução da incidência da doença em países como os EUA.
Mais de 70% dos portugueses faria um rastreio ao cancro do pulmão se tivesse essa oportunidade, uma medida preventiva com provas dadas noutros países que a associação Pulmonale quer ver implementada em Portugal a médio prazo.
A propósito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala em 31 de maio, a farmacêutica Roche promoveu um inquérito junto de mil portugueses sobre o cancro do pulmão e o nível de informação sobre a doença junto da população.
Para 71% dos inquiridos, o rastreio ao cancro do pulmão é "muito importante" e 76% fá-lo-ia se tivesse essa oportunidade, sobretudo como medida preventiva.
"Ainda não existe em Portugal um rastreio populacional, portanto o diagnóstico fica muito na esfera de cada um, de valorizar ou não os seus próprios sintomas", disse à Lusa Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale - Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão, que entende que Portugal não poderá tardar muito mais na sua implementação.
Experiências de rastreios populacionais ao cancro do pulmão já demonstraram a sua validade na redução da incidência da doença em países como os EUA, referiu a presidente da associação, mencionando ainda os projetos-piloto em curso em alguns países da União Europeia.
"Acho que é uma questão que Portugal vai ter que seguir, não terá outro caminho, mesmo não sendo imediato, porque isto também não é um rastreio barato. Penso que os nossos decisores têm que ter uma perspetiva de médio prazo, porque sai muito mais caro o tratamento", disse.
Isabel Magalhães sublinhou "a segurança" que os rastreios transmitem às pessoas, que continuam a ter a ideia do cancro do pulmão como "uma sentença de morte" -- 3% dos inquiridos admitiram nunca ter procurado informação sobre a doença por terem medo de ser diagnosticados -- e a necessidade de diagnósticos precoces no combate a uma doença "em que o relógio realmente conta", uma vez que este é um carcinoma de evolução rápida em que uma ou duas semanas podem fazer a diferença no prognóstico.
A Pulmonale está, por isso, a fazer "o trabalho de campo" junto de "quem de direito" para trazer o tema dos rastreios populacionais ao cancro do pulmão para a discussão pública, frisando que o diagnóstico precoce pode inclusivamente significar a possibilidade de cura.
O contexto de pandemia de covid-19 evidenciou a importância de um diagnóstico o mais cedo possível, referiu a presidente da Pulmonale, que mesmo sem estatísticas oficiais ainda disponíveis refere que a informação que chega de hospitais e centros de referência é a de muitos doentes a chegar ao sistema de saúde com cancros em estado avançado por diagnosticar, que entram nos hospitais pelas urgências e não pelas consultas, e para os quais os médicos já só podem prescrever cuidados paliativos e não qualquer tratamento curativo.
"No cancro do pulmão vamos saber tarde os resultados da paragem por via da covid e da pior forma. Não existe um rastreio populacional e como não existe não é possível reforçar de forma rápida as situações que ficaram para trás. Vamos continuar à espera de que os doentes vão às consultas ou recorram ao hospital", disse a presidente da Pulmonale.
Para Isabel Magalhães ressalta dos resultados deste inquérito a "grande iliteracia" que ainda existe sobre saúde e em particular sobre o cancro do pulmão, uma doença sobre a qual "se fala muito pouco" e cujos doentes, por serem muitas vezes diagnosticados tardiamente, têm um prognóstico pouco favorável que os torna menos ativos e participativos na divulgação e luta contra a doença, em comparação com o que acontece, por exemplo, com o cancro da mama.
Há também "o estigma" associado ao tabagismo e à ideia de que os doentes provocaram a sua própria doença, o que os leva muitas vezes a escondê-la, sobretudo em contexto social, disse.
Para além da covid-19, o cancro foi apontado como a doença mais preocupante nos dias de hoje por 62% dos inquiridos, sobretudo por ser associado a uma elevada taxa de mortalidade (para 45% dos inquiridos) e por haver antecedentes familiares (29%), sendo que o cancro da mama é o tipo de cancro que mais preocupa os inquiridos, seguindo-se o do pulmão.
A maioria dos inquiridos considera-se razoavelmente informada sobre a doença, mas a informação sobre rastreios, sobre prevenção e sobre sintomas de vários tipos de cancro é apontada como a que gostariam de receber, sendo que entre os 23% de inquiridos que já procuram informação sobre o cancro do pulmão, a maioria (57%) fê-lo recorrendo à internet e 44% junto do médico de família ou outro profissional de saúde.
A maioria dos 77% que nunca procurou informação justificou-o por não ter sentido essa necessidade, por nunca ter pensado nisso, mas também por não ser fumador.
O tabagismo é a principal causa da doença, incluindo o fumo em segunda mão, mas Isabel Magalhães sublinha que, ainda que reduzida, a percentagem de doentes de cancro do pulmão que nunca fumou é suficientemente importante até para que os médicos de medicina geral não desvalorizem sintomas nos primeiros contactos com os doentes.
De acordo com dados da associação, em Portugal há 5.600 novos casos de cancro do pulmão por ano e 4.700 mortes devido à doença.
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