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Igreja realça "capacidade operacional" do Grupo VITA junto das vítimas de abusos

José Ornelas afirmou que o Grupo VITA marca "uma nova fase" para a Igreja na abordagem ao tema dos abusos sexuais em contexto eclesiástico.

26 de abril de 2023 às 17:20

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacou esta quarta-feira a "capacidade operacional" do novo grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal, denominado Grupo VITA.

Na conferência de imprensa de apresentação da nova estrutura, liderada pela psicóloga Rute Agulhas, José Ornelas lembrou o trabalho prévio da Comissão Independente no estudo desta realidade e explicou que o Grupo VITA surge como consequência do estudo feito pela comissão coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, mas marca também "uma nova fase" para a Igreja na abordagem ao tema dos abusos sexuais em contexto eclesiástico.

"É um grupo virado para ter uma vertente operativa da Igreja, por isso precisa de ter uma face de acolhimento bem autónoma e definida perante as vítimas e a sociedade, mas, ao mesmo tempo, articular para dentro da Igreja de forma eficiente, seja nos aspetos das vítimas, seja no aspeto da prevenção", observou o presidente da CEP.

José Ornelas agradeceu a disponibilidade dos membros da nova estrutura para colaborar com a Igreja Católica portuguesa nesta questão e referiu que o Grupo VITA vai trabalhar em articulação com a coordenação das equipas das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.

"É uma fase nova em que entramos. Com a primeira fase da Comissão ficou clara a nossa determinação de não fechar os olhos perante esta realidade, de conhecê-la o melhor possível e de termos aquilo que o Papa chama de tolerância zero", disse, acrescentando: "Temos já uma base sólida nas comissões diocesanas e penso que este grupo vai dotar-nos de uma competência e capacidade operacional que nos faz falta neste campo".

Para o presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, a constituição deste grupo de trabalho é algo que a Igreja sentiu ser necessário organizar, envolvendo pessoas externas à instituição "com a necessária competência" para abordar o tema dos abusos sexuais. O objetivo, alegou José Ornelas, é "criar competências" com vista à prevenção e ao tratamento deste fenómeno.

"Este grupo tem todo o apoio. É uma iniciativa da CEP e da Igreja no seu conjunto, que quer fazer um caminho", concluiu José Ornelas, que abandonou a conferência de imprensa a seguir à sua intervenção de abertura.

Além de Rute Agulhas (especialista em Psicologia Clínica e da Saúde com especialidades avançadas em Psicoterapia e Psicologia da Justiça), o Grupo VITA será constituído por Alexandra Anciães (psicóloga, experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas), Joana Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais), Jorge Neo Costa (assistente social, intervenção com crianças e jovens em perigo), Márcia Mota (psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais) e Ricardo Barroso (psicólogo, docente universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais).

Haverá ainda um grupo consultivo, com a participação do padre João Vergamota (especialista em Direito Canónico), Helena Carvalho (docente universitária especialista em análise estatística) e o advogado David Ramalho.

A criação do Grupo VITA surge na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

Como consequência, algumas dioceses decidiram afastar cautelarmente do ministério alguns padres, enquanto decorrem os respetivos processos.

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