Organização realçou situação em Cabo Delgado, província que enfrenta uma insurgência armada desde 2017.
O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) alertou, esta terça-feira, que a situação de segurança no norte de Moçambique continua "volátil e imprevisível", principalmente em Cabo Delgado, província que enfrenta uma insurgência armada desde 2017.
"A situação de segurança no norte do país, particularmente em Cabo Delgado, continua a ser volátil e imprevisível. Em abril, foram registados incidentes de segurança por parte dos grupos armados não estatais", lê-se num relatório daquela agência das Nações Unidas, consultada, esta terça-feira, pela Lusa.
De acordo com a Unicef, os incidentes de segurança incluem bloqueios de estradas, raptos, confrontos com as forças de segurança e pilhagens nos distritos de Ancuabe, Mocímboa da Praia, Macomia e Nangade, na província de Cabo Delgado.
No relatório, esta terça-feira, divulgado, a Unicef lembra que, num ataque recente, no dia 11 de maio, à aldeia de Magaia, no distrito de Muidumbe, três raparigas de 17, 14 e 12 anos foram mortas e outras oito crianças - seis raparigas e dois rapazes - foram raptadas, lembrando "os perigos que as crianças enfrentam em áreas afetadas por conflitos".
A Unicef declarou-se preocupada com o aumento de relatos de rapto, recrutamento e uso de crianças por grupos armados não estatais, o que constitui uma grave violação dos direitos das crianças.
Desde outubro de 2017 que Cabo Delgado, província do norte, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Em abril registaram-se ataques destes grupos, também, numa reserva da província vizinha de Niassa, resultando em, pelo menos, dois mortos.
"Os grupos armados não estatais efetuaram ataques na Reserva do Niassa, na margem do Cabo Delgado, e no Centro Ambiental de Mariri, no distrito de Mecula, na província do Niassa, resultando em baixas, roubo e destruição do acampamento e da aeronave do parque", refere.
Aquela agência da ONU explica que este é o segundo "grande ataque" no distrito de Mecula, província do Niassa desde 2021, levando à deslocação de mais de 2.000 pessoas, 55% das quais crianças.
"A população deslocada procurou refúgio numa escola e junto das comunidades de acolhimento na sede do distrito de Mecula. As necessidades humanitárias mais urgentes registadas foram a alimentação, o abrigo e artigos não alimentares", avança.
Segundo a Unicef, além dos ataques armados, as províncias do norte de Moçambique enfrentam atualmente crises decorrentes de fenómenos climáticos extremos, além da eclosão do surto da cólera.
"A ação humanitária para crianças da Unicef Moçambique está a solicitar 64 milhões de dólares (56,2 milhões de euros) para manter os serviços que salvam vidas de cerca de 2,5 milhões de crianças e famílias que foram afetadas por múltiplos choques", acrescenta.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.
Só entre dezembro e março, o país já foi atingido por três ciclones, que, além da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram cerca de 175 mortos, no norte e centro do país.
Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36%, segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que analisa conflitos em África.
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