Institucionalizar o idoso contra a sua vontade, retirar-lhe a gestão do seu próprio património, ou impedi-lo de ir votar são alguns exemplos de violência.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou em 2023 quatro idosos por dia vítimas de crime e violência, mais 9,4% do que no ano anterior, revela a associação, que este sábado lança uma campanha de sensibilização.
No Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência Contra as Pessoas Idosas, que este sábado se assinala, a APAV lança uma campanha que visa alertar que o fenómeno da violência contra pessoas idosas está a crescer e não se limita a formas de violência facilmente identificáveis como tal.
Passa também por comportamentos aparentemente não violentos, mas que retiram às pessoas idosas poder de decisão, autonomia, liberdade e dignidade, são violações de direitos humanos e abrem caminho para formas mais graves de violência.
Institucionalizar o idoso contra a sua vontade, retirar-lhe a gestão do seu próprio património, ou impedi-lo de ir votar são alguns exemplos referidos na campanha, cujo 'slogan' é "Afinal, o papel principal é meu. É seu. É de todos".
"Com esta campanha quisemos chamar um pouco a atenção para certos comportamentos que (...) vão retirar poder, autonomia e dignidade às pessoas idosas", disse à Lusa Marta Carmo, da APAV.
A responsável lamentou que a sociedade atual veja o envelhecimento como sinónimo de perda de capacidades e maior dependência e que por isso se veja muitas vezes as pessoas idosas "não como cidadãos e cidadãs de pleno direito, mas já quase como pessoas que não têm plena capacidade de exercício dos seus direitos".
"Esta campanha no fundo visa alertar os idosos para se queixarem", mas também "alertar os próprios familiares de que esses comportamentos são uma forma de violência", algo de que, se calhar, eles não têm consciência.
A APAV apoiou no ano passado um total de 1.671 pessoas idosas vítimas de crime e de violência, o que equivale a uma média de quatro por dia.
Trata-se de um aumento de 9,4% face a 2022, o que, segundo Marta Carmo, não significa necessariamente um aumento dos casos de violência.
O aumento dos pedidos de ajuda pode resultar de um maior conhecimento dos serviços que existem ou até de um maior encaminhamento para a APAV por parte de outras entidades de apoio social e das forças de segurança.
Segundo a responsável, a prevalência da violência contra as pessoas idosas tem-se mantido constante, mas com o envelhecimento da população haverá tendência para um maior número de casos.
Segundo os dados das pessoas idosas apoiadas pela APAV nos últimos anos, mais de três em cada quatro são mulheres, metade tem entre 65 e 74 anos e é reformada, e na maioria dos casos a violência é exercida pelos filhos ou filhas (29,1%). Há também uma percentagem significativa de casos em que o agressor é o cônjuge.
Na grande maioria dos casos, a vitimação é continuada. Segundo Marta Carmo, as vítimas não denunciam o crime por vários motivos, que podem ter a ver com o medo de sofrer represálias, de uma escalada na violência ou de que não acreditem no que ela diz.
A vítima pode também ter vergonha de admitir que está a ser vítima do seu próprio filho ou da sua própria filha, "aquela pessoa que à partida foi a vítima que ajudou a criar e a formar".
É também comum haver algum receio, particularmente nas pessoas que são vitimadas pelos seus filhos ou filhas, das consequências de uma eventual investigação criminal, acusação e sentença para os agressores.
"Muitas vezes há aqui também uma questão de querer proteger essa pessoa com quem a pessoa não deixa de ter uma relação afetiva", recordou Marta Carmo.
É para contrariar essa resistência a denunciar que a APAV lança hoje a sua campanha, para lembrar que os direitos humanos "não expiram com a idade e que há que mantê-los, apesar da idade avançada".
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