Este ano, o agravamento da situação da pandemia levou a que mais de 1,2 milhões de alunos voltassem novamente para casa, pouco depois das férias do Natal.
O ano letivo termina esta sexta-feira para os 9.º, 10.º e 11.º anos com "alunos e professores exaustos" e diretores a admitirem que a pandemia e o ensino remoto voltaram a impedir que todas as aprendizagens se realizassem.
Para cerca de 240 mil alunos esta sexta-feira é dia de despedidas, depois de mais um ano afetado pela covid-19 que levou a que parte das aulas voltassem a ser frequentadas sem sair de casa, através de um ecrã.
"Tendo em conta os constrangimentos que uma pandemia provoca, não se pode dizer que o ano correu mal", defendeu o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), em declarações à Lusa.
Filinto Lima reconheceu, no entanto, que "as aprendizagens não se realizaram completamente", apesar de considerar que este ano foi "melhor que o anterior, com menos aprendizagens perdidas".
No ano letivo passado, dois em cada três professores não conseguiram abordar todos os conteúdos previstos para o terceiro período ou tiveram de fazer alterações à forma de avaliação, segundo um inquérito divulgado esta semana pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
Quase metade optou por reduzir o programa, 7% não deram matéria nova, enquanto outros 11% arriscaram avançar na matéria, mas depois não avaliaram os temas abordados durante o ensino remoto.
Este ano, o agravamento da situação da pandemia levou a que mais de 1,2 milhões de alunos voltassem novamente para casa, pouco depois das férias do Natal.
O segundo confinamento "correu melhor", segundo os diretores, que lembram que havia já a experiência acumulada do ano anterior e muito mais equipamentos disponíveis.
Em março de 2020, apenas 8% das escolas tinham equipamentos e ligação à internet para um efetivo ensino a distância, segundo o inquérito do CNE.
Desde então, o Governo lançou um programa de distribuição de computadores e internet por alunos e docentes, que começou pelos mais carenciados.
O agravamento da situação pandémica e os casos de infeção registados nas escolas preocupavam famílias e trabalhadores das escolas. Arrancou uma campanha de testagem em todos os estabelecimentos de ensino, que veio confirmar que o perigo não estava dentro das escolas.
Mas foi também o ano em que os docentes do ensino obrigatório viram finalmente concretizada uma das suas reivindicações: serem considerados prioritários na vacinação contra a covid-19.
"Tendo em conta a situação e todos os constrangimentos de viver numa altura de pandemia, pode dizer-se que o ano letivo foi relativamente normal", defendeu Filinto Lima, voltando a reconhecer que este foi o resultado do "esforço de professores, equipas diretivas, alunos e pais".
No entanto, a "sensação de aventura do primeiro confinamento" deu lugar a um "cansaço de algo que já todos conheciam".
O trabalho nas escolas aumentou exponencialmente e, segundo o diretor do agrupamento de escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, o ano letivo chega agora ao fim com "professores e alunos exaustos".
Com o intuito de recuperar as aprendizagens perdidas nos dois últimos anos letivos, o Governo criou um plano que conta com uma verba de 900 milhões para ser implementado nos dois próximos anos.
Filinto Lima lembrou que não basta ter dinheiro e que é preciso garantir que há professores e técnicos especializados nas escolas, enquanto os encarregados de educação sublinham que é preciso haver "tolerância com os alunos" nesta nova fase.
"Foram dois anos muito difíceis, o que aconteceu nas escolas foi atípico e agora estamos a discutir um diploma para recuperar as aprendizagens. Esperamos que não criem medidas que possam pôr em causa o percurso dos alunos. Pedimos tolerância com os alunos para que se consiga mitigar os danos, além daqueles que cada família já sofreu", alertou Rui Martins.
O presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) disse à Lusa que "da parte dos pais há a esperança de que o próximo ano as coisas vão correr melhor".
Este ano, as aulas terminam mais tarde do que o inicialmente previsto, devido à interrupção letiva de 15 dias decidida pelo Governo no final de janeiro.
Na próxima semana, em 23 de junho, será a vez de os alunos dos 7.º e 8.º anos guardarem os manuais escolares e só a 8 de julho serão os mais pequenos a trocar os dias na escola pelas "férias grandes".
Filinto Lima alertou que prolongar o período de aulas até julho "traz uma compensação apenas quantitativa, porque alunos e professores já estão muito cansados e isso repercute-se na qualidade das aprendizagens".
O prolongamento do ano letivo implicou também uma alteração no calendário dos exames nacionais do secundário. A primeira fase será entre 2 e 16 de julho (antes era em junho) e a segunda fase no início de setembro.
O Ministério da Educação decidiu cancelar as provas de aferição, nos 2.º, 5.º e 8.º anos, e as provas nacionais do 9.º ano, que estavam marcadas para este mês.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.