Manifestação organizada pelos sete sindicatos do setor bancário.
Os trabalhadores bancários manifestam-se hoje à tarde frente à Assembleia da República contra os despedimentos promovidos por vários bancos, numa manifestação organizada pelos sete sindicatos do setor bancário.
Face a vários processos de saída de trabalhadores em bancos que operam em Portugal, e várias instituições a assumirem mesmo que podem avançar para despedimentos coletivos, os sete sindicatos denunciaram o que consideram o "massacre" dos trabalhadores bancários e anunciaram uma manifestação nacional (marcada para hoje às 16:30, frente à Assembleia da República, em Lisboa).
Os sindicatos acusam os bancos de estarem a despedir milhares de trabalhadores e ainda de criarem "pânico e temor generalizado nos bancários, de forma a que desistam de lutar pelos seus direitos" ao confrontarem os trabalhadores bancários com propostas de rescisão por mútuo acordo (sobretudo) e reformas antecipadas, ao mesmo tempo que fazem a "comunicação antecipada da implementação de medidas unilaterais, vulgo despedimentos coletivos".
Além do mais, afirmam os sindicatos, isto acontece quando o setor bancário português é dos mais eficientes da Europa e quando os bancos regressam aos lucros.
Esta manifestação nacional dos sindicatos junta os sete sindicatos da banca, o que é inédito numa ação de luta do setor.
Os sete sindicatos que representam os bancários são Mais Sindicato, Sindicato de Bancários do Norte, Sindicato dos Bancários do Centro (estes três sindicatos são ligados à UGT), Sintaf (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos e Sindicato Independente da Banca (estes três sindicatos independentes).
Os grandes bancos portugueses vão reduzir milhares de trabalhadores este ano, tendo o BCP e Santander Totta admitido mesmo recorrer ao despedimento coletivo.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego).
No BCP está em curso um plano de redução de trabalhadores, através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (também aqui quem sair em rescisão por acordo não acede a subsídio de desemprego).
Caso não saiam por acordo o número que consideram adequado, ambos os bancos admitiram avançar para despedimentos.
Também o banco Montepio tem um "plano alargado" de saída de trabalhadores, através de reformas antecipadas e de rescisões de contratos de trabalho (neste banco acedem a subsídio de desemprego, pois obteve do Governo o estatuto de empresa em reestruturação), para reduzir entre 600 a 900 funcionários.
Em outros bancos, como Novo Banco, CGD e BPI, continuam também os processos de saídas de trabalhadores, mas para já de forma mais 'suave'.
Segundo vários dirigentes sindicais contactados pela Lusa, os processos atuais estão a ser mais agressivos do que os que decorreram aquando da última crise, desde logo porque há grandes bancos a admitir fazer despedimentos, porque as indemnizações propostas são agora mais baixas e até porque não é igual despedir 1.000 trabalhadores num total de 8.000 ou no total de 6.000.
A redução de estruturas (saída de trabalhadores e fecho de agências) é comum a toda a banca europeia, acompanhando a digitalização das atividades e a entrega de serviços que antes eram prestados por bancários a empresas externas.
Segundo as séries longas do Banco de Portugal, entre 2009 e 2019, os bancos que operam em Portugal reduziram quase 13 mil trabalhadores. Já em 2020, apenas nos cinco principais bancos (CGD, BCP, Novo Banco, Santander Totta, BPI) foram cortados 1.200 postos de trabalho.
As reduções de trabalhadores bancários nos últimos anos originaram manifestações e greves, mas mais circunscritas a alguns bancos (caso da CGD), não tendo havido uma mobilização geral de trabalhadores bancários em manifestação ou numa greve geral da banca.
Historicamente, foi muito importante para o movimento sindical as manifestações de trabalhadores bancários em 1971, tendo sido o sindicato de bancários fundador da intersindical CGTP.
Segundo a CGTP, de 26 a 30 de julho de 1971 (ainda em ditadura), bancários de Lisboa e do Porto realizaram grandes manifestações e exigiram a imediata libertação de Daniel Cabrita, dirigente sindical do setor. Hoje, o sindicato bancário da CGTP é o Sintaf, que tem pouca representatividade no setor.
Já em democracia, ganharam força os sindicatos bancários ligados à UGT, o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (hoje denominado Mais Sindicato), o Sindicato de Bancários do Norte e o Sindicato dos Bancários do Centro.
Nos últimos anos, tem vindo a ganhar importância o independente Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB).
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