Cerca de meia centena de voluntários de todo o País apontaram que "sem bombeiros não há socorro", mas ainda há quem trabalhe com "as botas rotas".
Bombeiros voluntários de todo o país manifestaram-se esta quarta-feira em frente ao parlamento para exigir melhores condições de trabalho, lembrando que "sem bombeiros não há socorro" mas ainda há quem trabalhe com "as botas rotas".
Cerca de meia centena de voluntários participaram esta quarta-feira num protesto em Lisboa, que começou na Praça do Comércio e terminou em frente à Assembleia da República, onde recordaram os motivos que os fizeram voltar a sair para a rua, como a inexistência de uma carreira ou "receberem apenas uma sandes" quando estão nos quartéis.
"Estamos completamente esquecidos e abandonados pelo Governo", disse à Lusa Fernando Bento, do grupo "Bombeiros de Portugal - juntos somos mais fortes" que promoveu a iniciativa de hoje e que, em setembro, já tinha realizado uma vigília de três dias em frente ao parlamento.
Há cerca de 30 mil voluntários no país, dos quais metade é também bombeiro profissional, segundo números avançados por Fernando Bento, que enumerou as principais reivindicações dos voluntários: a criação de uma carreira, melhores salários, subsídio de risco e desgaste rápido, reforma aos 60 anos e o financiamento e incentivos às associações humanitárias.
Humberto Batista, autor do grupo "Bombeiros de Portugal", explicou à Lusa que os voluntários têm um caderno reivindicativo igual ao dos bombeiros profissionais e defendeu que sem melhores condições de trabalho será impossível atrair jovens para as corporações.
As horas que dão à corporação enquanto voluntários não são pagas. Apenas durante a época de incêndios é que "recebem 3,12 euros à hora", acrescentou Fernando Bento, que todas as semanas dá 12 horas do seu tempo à sua corporação.
"A juventude hoje não quer ir para o voluntario para receber uma sandes e um sumo e este é um dos grandes problemas", disse Humberto Batista.
Resultado: Há bombeiros a abandonar a profissão e voluntários a questionar sair, como é o caso de Tiago Rodrigues, que entrou para uma corporação aos 18 anos.
"Temos direito a uma sandes quando fazemos serviço de voluntário durante a noite e um almoço e uma sandes quando fazemos de dia", contou à Lusa Tiago de Rodrigues, de 28 anos, que deixou de ser bombeiros profissional e agora dá 24 horas por mês como voluntário, mas admite que não sabe "durante quanto mais tempo".
"No verão tive de gastar horas minhas para ajudar os meus colegas nos incêndios", recordou o jovem que diz que se viu "forçado a abandonar a carreira de bombeiros porque o Governo não reconhece o trabalho".
À falta de reconhecimento e de salários, os voluntários dizem que as associações humanitárias vivem com muitas dificuldades: "Não e fácil equipar um bombeiro, porque custa cerca de cinco mil euros", alertou Humberto Batista, dizendo que há bombeiros a trabalhar com "as botas rotas".
A manifestação em frente ao parlamento mereceu a presença de deputados da bancada parlamentar do Chega e do Livre, que prometeram apresentar medidas no Orçamento do Estado para 2026 tendo em conta as reivindicações dos bombeiros.
"É insustentável que estes bombeiros arrisquem a sua vida por três euros por hora", criticou o deputado Jorge Pinto, recordando que a bancada do Livre já apresentou "dezenas de propostas" que foram chumbadas, mas prometendo "voltar a apresentar novas propostas em sede de OE e fora dele".
Também em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, garantiu que o Chega tem propostas que contemplam as exigências dos manifestantes, como a criação de um subsídio de risco ou de uma escola de bombeiros, sem conseguir precisar o valor dessas medidas, dizendo apenas que "custa muito menos do que o que estamos a dar em RSI" (Rendimento Social de Inserção).
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