Portugal regista uma prevalência de Leishmaniose considerada elevada, com mais de 110 mil cães infectados, 10% do total, revelam os dados do Observatório Nacional das Leishmanioses. Por ano, a doença atinge entre dez a vinte pessoas. “O calor tardio que se verifica depois de um Agosto e Setembro com temperaturas superiores às habituais é responsável pela proliferação do mosquito portador da doença”, explica a veterinária Vanessa Marques.
Hoje, ao ser assinalado o Dia Mundial do Animal, duas associações de protecção de animais associam-se a uma empresa farmacêutica, numa campanha que visa alertar a população para a medicina preventiva como meio capaz de travar a doença. Mafalda Ferreira, vice-presidente da União Zoófila, sublinha que a Leishmaniose pode ser evitada com o uso de “coleiras impregnadas de deltametrina, o que evita que os animais adoeçam e que mais tarde sejam abandonados”.
Luísa Barroso, presidente da associação, refere que a proliferação da doença leva que dos cerca de 500 cães existentes na instituição, 90 estejam infectados. “Os animais são abandonados num estado deplorável, cheios de feridas e muitos deles com graves lesões nos rins, cujo sofrimento leva a ter de abatê-los”, acrescenta.
No território nacional, são nos distritos de Beja, Portalegre e Castelo Branco que estão referenciados o maior número de casos, sendo a região do Alentejo a que apresenta maior incidência e com tendência a aumentar. A Leishmaniose é transmitida pelo mosquito hospedeiro intermediário phlebótomo. O período de incubação varia entre 10 e 25 dias, podendo, no entanto, chegar até um ano. Após essa fase aparecem, na generalidade dos casos, escaras pruriginosas na pele do animal, causando sensação de calor e dor. Ocorre também a inflamação dos gânglios próximos à picada do mosquito, um dos primeiros sinais de alerta a ter em conta.
Na sua forma visceral, as lesões internas, principalmente no baço, traduzem-se por aumento de volume desse órgão, além de febre e dor abdominal. A sua evolução leva também a aumento de volume do fígado e, nos casos mais graves, à falência hepática e renal.
ALQUEVA POTENCIOU DOENÇA
A construção e enchimento da barragem do Alqueva potenciou a doença na região alentejana. A presença de água ajuda o mosquito responsável pela transmissão da Leishmaniose a desenvolver-se com maior facilidade. "Com o enchimento da barragem tem-se registado um aumento do número de casos. O mosquito desenvolve-se mais em zonas com água, como rios ou barragens, e o risco de propagação é maior", explica ao CM Rui Aleixo, veterinário municipal de Reguengos de Monsaraz, que notou um "grande crescimento" de casos na população canina.
O mesmo responsável diz ainda que muitos dos diagnósticos só acontecem "por acaso". "As pessoas não tem o cuidado de ir ao veterinário e muitos casos são descobertos através dos rastreios da vacinação contra a raiva". "É necessário apostar na divulgação e fazer despistagem pelo menos uma vez por ano.
TRATAMENTO SALVOU CADELA ABANDONADA
O MEU CASO: LEONOR CORREIA
A dedicação de Leonor Correia à cadela Minnie começou no dia em que o seu pai chegou com a cadela a casa, depois de achada na berma da estrada, junto a Ponte de Sor, num estado muito débil. Quase não andava, aparentava ter sido atropelada ou bastante maltratada. A visita à veterinária acabou com as dúvidas: era Leishmaniose. O nome que nunca tinham ouvido falar, mas que só deixava duas hipóteses. Entre tratar ou abater, a questão nem sequer se colocou à família de Portalegre, que sempre teve animais de estimação.
Depois da bateria de exames a que foi sujeita ter demonstrado que o fígado e os rins ainda não estavam totalmente afectados, começou o tratamento.
"Eu e o meu irmão até oferecemos os mealheiros para o tratamento", explica a dona, orgulhosa do animal que ainda hoje, mais de cinco anos depois, continua a necessitar de medicação diária, mas que faz uma vida "normal dentro do possível". Já teve inclusivamente várias ninhadas de cachorros.
Foram trinta dias de injecções que salvaram o animal quase moribundo. "É muito chata a Minnie. Quer sempre festas e passa o tempo a saltar-nos para o colo. Temos todos aqui uma grande amiga. Pode não ter muitas aptidões, mas é uma doçura", refere Leonor, quando se pede para traçar o perfil da cadela hoje adorada por toda a família Correia.
Os donos de Minnie, que se suspeita que tenha sido, em tempos, uma cadela de caça, acreditam que a sua experiência pode servir de exemplo para muitos outros donos com animais doentes. "Não abandonem os cães só porque não estão saudáveis. Eles precisam de nós", aconselha a pequena Leonor.
PERFIL
Leonor Correia tem 11 anos e desde os seis que é a dona da Minnie, cadela portadora de Leishmaniose, encontrada na berma da estrada há cerca de cinco anos. É profunda amante dos animais, em especial dos cães e gatos que tem na quinta onde reside a família Correia, em Portalegre. Não se esquece que até ofereceu o seu mealheiro para o tratamento que salvou a vida à cadela, que hoje faz uma vida quase normal.
MEDICAÇÃO
A doença é incurável e os animais infectados estão dependentes de medicaçãodiária para toda a vida
DECLARAR
Por se tratar de uma doença transmissível aos humanos, a declaração ao veterinário é obrigatória
OFERTA DE PRODUTOS
O veterinário Daniel Oliveira da Intervet oferece hoje na União Zoófila desparasitantes na adopção de cãesISCURSO DIRECTO
DISCURSO DIRECTO
"REPELENTES TRAVAM MOSQUITO", Vanessa Marques, Médica Veterinária
Correio da Manhã – A Leishmaniose é transmitida do cão para o homem?
Vanessa Marques – Não, a doença só é transmitida pelo mosquito e propaga-se com a picada num cão infectado e posterior picada num cão não-infectado ou no homem. A doença desenvolve--se em pessoas muito debilitadas com os mesmos efeitos do que nos cães.
– Há um crescimento da doença em Portugal?
– Sim. Nomeadamente na área de Lisboa e todos os concelhos limítrofes.
– O mosquito desaparece com a chegada do frio no Inverno?
– Mas volta sempre com o calor. É como as pulgas.
– Qual a melhor forma de combater a doença?
– Com recurso a repelentes, para afastar os mosquitos. Evitar também a presença do animal em áreas com águas paradas.
– É muito caro tratar um animal?
– É uma doença crónica em que não há vacina. O tratamento com injecções ou comprimidos custa cerca de 250 euros e permite o desaparecimento das feridas cutâneas no prazo de um mês. Nas lesões dos rins ou fígado a recuperação é mais demorada.
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