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Número de casos de legionella sobe para 26

Dois infetados estão nos Cuidados Intensivos do Hospital S. Francisco Xavier.

04 de novembro de 2017 às 13:26

O número de casos de doença dos legionários detetados no Hospital de São Francisco Xavier em Lisboa, desde o dia 31 de outubro, subiu para 26, que foram "confirmados laboratorialmente", informou este domingo o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Foram diagnosticados, desde o passado dia 31 de outubro, no Hospital de São Francisco Xavier, integrado no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 24 casos de doença dos legionários, confirmados laboratorialmente", indica o SNS numa nota publicada no seu 'site'.

O último balanço de sábado dava conta de 19 doentes.

Do total, "23 doentes passaram pelo Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental", enquanto "um outro caso com ligação epidemiológica ao Hospital de São Francisco Xavier foi diagnosticado numa unidade de saúde privada", precisa o SNS, indicando que nove destes casos foram "diagnosticados na passada sexta-feira".

Apenas um dos afetados já teve alta "e os restantes mantêm-se internados, dos quais dois em unidade de cuidados intensivos, três na urgência e 17 em enfermaria", adianta o SNS.

Governo assegura que casos detetados "estão controlados e estabilizados"

O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, assegurou hoje que os 24 casos de doença dos legionários até agora detetados no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, "estão controlados e estabilizados", não existindo "prognósticos reservados".

"As situações, do ponto de vista clínico, estão controladas, estão estabilizadas. Há dois doentes em cuidados intensivos, mas também numa situação estável e, portanto, [...] apesar de o número de doentes ser significativo, temos confianças nas equipas médicas e de enfermagem que têm estado a trabalhar no sentido de preservar a vida destes utentes e as coisas estão absolutamente controladas", disse Manuel Delgado, que falava aos jornalistas no Hospital de São Francisco Xavier.

De acordo com o governante, "não há, até este momento, prognósticos reservados em matéria da recuperação destes doentes".

Manuel Delgado visitou hoje o Hospital São Francisco Xavier para se inteirar do estado dos doentes e das medidas tomadas no âmbito das ocorrências da doença dos legionários.

O secretário de Estado reuniu-se com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e com a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Rita Perez.

Questionado pelos jornalistas se existem razões para preocupação, Manuel Delgado recusou alarmismo, sublinhando que "foram tomadas as medidas que se impunham", desde a deteção do primeiro caso, a 31 de outubro.

"Imediatamente se estabeleceu uma equipa com a Direção-Geral de Saúde, o Instituto Nacional Ricardo Jorge [...] e o próprio hospital de São Francisco Xavier, no sentido de criar uma 'task force' [unidade específica] que investigasse a situação", notou.

De acordo com Manuel Delgado, "uma das medidas prioritárias foi, desde logo, o ataque do ponto de vista químico e térmico à água do reservatório do hospital e isso permitiu identificar as condições para melhorar a situação".

"Vai-nos permitir agora identificar, através de uma análise que vai ser feita ainda hoje, se essa atitude corretiva teve resultados positivos, que esperemos que tenha tido", acrescentou.

Manuel Delgado adiantou que "há aqui um nexo causal entre os casos e a presença destas pessoas no hospital em datas anteriores", rejeitando mais casos noutras unidades de saúde.

Presidente da República foi ao Hospital de São Francisco Xavier informar-se da situação

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se esta noite ao Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, "para se informar sobre os casos de 'legionella' surgidos nos últimos dias", indica Belém.

De acordo com uma nota publicada na página Internet da Presidência da República, a visita de Marcelo à unidade hospitalar deu-se após contacto com o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

"Recebido pela Diretora-geral de Saúde e pelos principais dirigentes daquele estabelecimento hospitalar, foi exposto ao Presidente da República todo o trabalho desenvolvido no acompanhamento dos pacientes, a dedicação e competência dos profissionais envolvidos para enfrentar os referidos casos", é referido na nota.

Comunicado da DGS

Num comunicado divulgado este sábado, a DGS já tinha admitido 16 casos. "Até às 17h00 de hoje [sábado], foram diagnosticados, desde o dia 31 de outubro de 2017, no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) – Hospital de São Francisco Xavier, 15 casos de Doença dos Legionários, confirmados laboratorialmente, dos quais 9 diagnosticados no dia de ontem.

Um outro caso com ligação epidemiológica ao Hospital de São Francisco Xavier foi diagnosticado numa unidade de saúde privada, onde se encontra internado. Dos 16 doentes, 15 foram internados no CHLO, 1 já teve alta e 14 mantêm-se internados, dos quais dois em Unidade de Cuidados Intensivos, todos clinicamente estáveis. Os doentes são, na sua maioria, idosos com fatores de risco associados", lê-se no comunicado da DGS.

As análises feitas na unidade hospitalar detetaram a presença da bactéria no circuito de abastecimento de água da unidade de saúde. A DGS diz que foram tomadas medias de precaução, com os doentes mais graves que chegam à urgência a serem conduzidos para outros hospitais

A Direção-Geral da Saúde sublinha que a doença se transmite através da inalação de aerossóis contaminados com a bactéria e não através da ingestão de água. A infeção, apesar de poder ser grave, tem tratamento efetivo.

Na sexta-feira, a Direção-Geral de Saúde tinha adiantado que "peritos da Direção-geral de Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, do Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, bem como da Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa Ocidental e Oeiras" estão, "em articulação com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental" a "avaliar a situação" e a "definir a resposta adequada ao controlo do surto". 

Esta resposta abrange o diagnóstico e tratamento dos doentes, o reforço da vigilância epidemiológica, o reforço da vigilância ambiental e a implementação das medidas necessárias para interromper a transmissão.

"As entidades envolvidas continuam a acompanhar a evolução da situação que será atualizada quando necessário", acrescenta a informação.

Surto em Vila Franca de Xira fez 14 mortos

Em novembro de 2014, um surto de infeções pela bactéria Legionella matou 14 pessoas e infetou mais de 400 no concelho de Vila Franca de Xira. O caso prolongou-se durante vários dias, sendo um dos maiores surtos alguma vez registados em todo o mundo.

O surto teve origem nas chaminés de duas fábricas do concelho e o caso está ainda a correr na Justiça.

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