David, em conjunto com o empresário Humberto Pedrosa, detém o consórcio Atlantic Gateway.
O empresário David Neeleman diz estar "totalmente disponível" para colaborar com o Governo numa solução para a TAP, mas que a companhia tem propostas competitivas para se financiar e que o que precisa é de "uma garantia estatal".
Em declarações à Lusa, David Neeleman, que com o empresário Humberto Pedrosa, detém o consórcio Atlantic Gateway - dono de 45% do capital da TAP -, começou por considerar que Portugal está "a reagir muito bem" à covid-19, "graças às medidas sanitárias e económicas definidas e implementadas em tempo pelo Governo e seguidas por toda a população e empresas".
"Vi com satisfação que o Governo português não só se preocupou com o tema da saúde, como desde cedo lançou incentivos à economia portuguesa onde a garantia estatal foi uma das principais medidas de apoio às PME [pequenas e médias empresas], bem como o 'lay-off' simplificado (suspensão do contrato ou redução do horário de trabalho) a que a TAP aderiu", afirma.
No setor da aviação o impacto da covid-19 "é brutal e a TAP não foge à regra", pois tem 95% dos aviões em terra e 90% dos colaboradores em casa, lembra, reforçando que, "mesmo as maiores e mais robustas empresas de aviação, estão com enormes desafios".
Não fora esta conjuntura, a TAP - que "conseguiu construir uma posição de tesouraria forte em 2019, a melhor da sua história, tendo terminado o ano com 435 milhões de euros em caixa" - iria conseguir "encarar o ano de 2020 com tranquilidade", refere.
No entanto, no contexto das restrições, entretanto impostas pela pandemia, David Neeleman diz que "imediatamente" a TAP contactou "investidores europeus e de outras geografias no sentido de obter suporte financeiro adicional" para encarar os efeitos negativos desta crise e que, "de modo geral, os investidores mantêm o interesse em financiar a TAP, tendo apresentado propostas de financiamento bastante interessantes e competitivas, com garantia do Estado".
"Entre os diversos mecanismos disponíveis de apoio de Estado, a emissão de uma dívida garantida é o que vem sendo adotado com mais frequência pelos nossos concorrentes por ter uma série de vantagens, entre elas o tempo de execução que nesse momento é crucial para a TAP", assegura o empresário.
"Importa lembrar que, desde a privatização, o Estado não teve de colocar um euro na TAP e que agora, apesar das enormes dificuldades, o que precisamos é de uma garantia estatal para um financiamento e não um empréstimo direto do Estado", sublinha.
Esta semana, tanto o ministro das Finanças, Mário Centeno, como o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, admitiram a nacionalização da TAP como uma das possibilidades de viabilizar a companhia.
"Como já disse o meu sócio Humberto Pedrosa, o pedido de ajuda solicitado ao Estado, que nos permitirá assegurar os postos de trabalho e a sustentabilidade da TAP, está em linha com o valor reembolsado pela TAP, nos últimos 15 meses, à banca de dívida garantida pelo Estado, que no momento da privatização era de 466 milhões de euros, pelo que o Estado não estaria a aumentar significativamente o seu risco em relação à TAP, mais do que há alguns meses", acrescenta.
Neeleman adianta que, na aprovação e reforço das medidas e quadros de apoio excecionais para ajudarem as companhias aéreas a garantirem a sua sustentabilidade, União Europeia e governos a nível mundial "sinalizaram também, desde cedo, aos mercados financeiros que uma das principais formas de apoio à recuperação da economia seria a prestação de garantias estatais a novos financiamentos obtidos pelas empresas".
É nesta conjuntura que David Neeleman diz estarem "totalmente disponíveis para continuar a colaborar e a conversar com o Governo português de espírito aberto e construtivo".
Na quinta-feira, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, afirmou no parlamento que a transportadora "já endereçou um pedido de auxílio ao Estado português", tendo expectativa de que uma resposta possa ser conhecida "muito em breve".
"Mais do que nunca, todos temos de colaborar para que a TAP volte a voar assim que o espaço aéreo abrir", refere David Neeleman.
"2019 foi um ano em que se consolidou o 'turnaround' [recuperação de valor] e, apesar do primeiro semestre desafiante, houve uma clara inversão dos resultados operacionais e financeiros no segundo semestre. Tendência que se manteve até fevereiro deste ano, que apresentou uma 'performance' operacional melhor que o período homólogo de 2019: o número de passageiros aumentou em 14% e as receitas aumentaram 17%", afirma o empresário.
David Neeleman diz a este propósito que o investimento nos últimos anos na renovação da frota, tornando-a uma das "mais jovens e eficientes do mundo", permite à transportadora "estar preparada" para o futuro e concorrência quando o mercado reabrir.
"Os desafios de curto prazo são profundos. Os resultados alcançados na transformação da TAP, fruto do trabalho que temos vindo a desenvolver em conjunto com o acionista Estado e com a dedicação dos nossos 10.000 trabalhadores, dão-nos confiança de que com união conseguiremos garantir que a nossa TAP continue o seu projeto de crescimento em rota segura", conclui.
O Grupo TAP registou prejuízos de 105,6 milhões de euros em 2019, uma melhoria de 12,4 milhões de euros face às perdas de 118 milhões registadas em 2018.
Para além dos 45% dos privados da Atlantic Gateway, a TAP é detida em 50% pelo Estado, através da Parpública, e em 5% pelos trabalhadores.
MSF (ALU/ALYN/JNM) // SR
Lusa/Fim
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.