"Há um mês víamos este Natal já com alguma preocupação, felizmente parece não ser isso que se está a passar", refere o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.
Empresas de vinhos apontam para um aumento das vendas neste final de ano e época de Natal, principalmente nas categorias superiores e mais caras, mas o setor está preocupado com o comportamento do mercado em 2023.
"Há um mês víamos este Natal já com alguma preocupação, felizmente parece não ser isso que se está a passar. Ou seja, de alguma forma os portugueses estão a continuar a comprar vinhos e a comprar as categorias especiais e gamas mais altas", afirmou à agência Lusa o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão.
O responsável prevê, no entanto, um ano 2023 "difícil", considerando que "tudo depende da conjuntura económica, política e social e, sobretudo, do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia".
"Estamos com muito receio porque há muita instabilidade nas economias, sobretudo na Europa. Aliás, na exportação já estamos a sentir a Europa a retrair", referiu.
Os indicadores neste Natal culminam também num bom ano para as exportações dos vinhos portugueses.
A ViniPortugal, a Associação Interprofissional do Vinho, disse que os dados até outubro revelam que, em 2022, as exportações atingiram o valor mais alto de sempre, designadamente 771,7 milhões de euros representando um crescimento de 1,35% em valor e 1,87% em preço médio, embora com uma quebra de volume (0,51%) face ao período homólogo de 2021.
Os três mercados com maior destaque são Angola, México e Bélgica.
A Costa Boal Family Estates, empresa com sede em Trás-os-Montes e produção ainda no Douro e Alentejo, disse que está a sentir um aumento da procura dos vinhos 'premium' nesta época.
"Foi um objetivo que colocámos na nossa empresa de aumentarmos a qualidade, mas também o preço, o que nos veio dar alguma força e segmentação de mercado devido ao aumento das matérias-primas. Estamos a crescer mais do que o planeado nos vinhos de gama média-alta. Há uma grande procura, acima das expectativas", salientou o responsável da empresa, António Boal, apontando para um "crescimento entre os 20% e os 25%" em vários destes vinhos.
A empresa destacou como "bem-sucedido" o projeto que lançou com Francisco Costa, o ex-jogador de futebol conhecido como "Costinha", com garrafas de 1,5 litros de vinho a 600 euros, referindo que "metade" desta colheita já está vendida.
Com uma faturação de 1,7 milhões de euros em 2021, a Costa Boal pretende, este ano, ultrapassar os 2,1 milhões, o que representa um crescimento da ordem dos 25%. A exportação representa cerca de 38% das vendas.
A diretora-geral da Quinta do Pessegueiro (Douro), Célia Varela, realçou uma "grande procura pelos topos de gama" neste Natal, apontando uma "procura de 28% superior a 2021", ou seja, "mais 25.000 garrafas".
Exemplificou com um vinho colocado no mercado a um preço médio de 59 euros, produzido a partir de uvas de vinhas centenárias e só em "anos especiais", que "se encontra esgotado".
Para Pedro Ribeiro, da herdade do ROCIM, no Alentejo, o aumento da procura, no primeiro Natal pós-pandemia, "revela uma mudança interessante no mercado nacional que está a valorizar cada vez mais o vinho 'premium', em detrimento de vinhos mais correntes".
"É, certamente, também o momento do reencontro das famílias e dos amigos, dos grupos mais alargados, depois de dois Natais estranhos", sublinhou.
A Martins Wine Advisor, consultora especializada de vinhos, disse que a procura subiu cerca 300% no canal horeca (restauração, hotelaria) comparado a 2021, ano marcado pela pandemia, referindo que também a construção de garrafeiras privadas tem contribuído para o aumento das vendas de vinho.
A diretora-geral desta consultora, Micaela Ferreira, confirmou também "uma grande procura pelos topos de gama nacionais e estrangeiros".
A Enoport revelou que as vendas de Natal "atingiram resultados muito positivos", para o que estão a contribuir também as edições especiais de Natal, em embalagens de madeira e com garrafas de grandes dimensões, representando "2 a 3% do total anual" das vendas da produtora da região do Tejo.
A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) confirmou "um padrão que se mantém quase todos os anos com vendas superiores nos meses de setembro, outubro e novembro em relação aos meses restantes".
No entanto, comparando entre 2022 e 2021, a associação fala num decréscimo de vendas ao longo deste ano, "que é maior em quantidade do que em volume de negócios devido à evolução positiva dos preços médios".
No vinho do Porto destaca-se o mercado nacional com uma evolução "muito positiva" e que tem compensado, em parte, a quebra nas exportações até outubro, designadamente "menos 8,5% em quantidade e menos 5,7% em volume de negócios".
Os dados da ViniPortugal, entre janeiro e outubro, revelam que, excluindo o vinho do Porto, as exportações aumentaram 4,39% em valor, 1,34% em volume e 3,01% no que se refere ao preço médio, face a igual período de 2021.
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