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Encontrados vestígios arqueólogicos de naufrágio português do século XVIII

Artefactos recuperados incluem porcelana chinesa, objetos religiosos de origem goesa, moedas, búzios e materiais de construção consistentes com o "design" português da Índia.

08 de julho de 2025 às 19:14

Restos arqueológicos do naufrágio de um navio português do século XVIII foram encontrados ao largo de Madagáscar, segundo um estudo publicado 'online' pelo Center for Historic Shipwreck Preservation, dos Estados Unidos.

Segundo este estudo, há evidências arqueológicas que identificam um naufrágio no século XVIII, na ilha Madame, na costa malgaxe, que sugere ser o da embarcação Nossa Senhora do Cabo, um navio português capturado pelos piratas Olivier Levasseur 'La Buse' e John Taylor, em 1721.

"Com base em mais de duas décadas de trabalho de campo, estudos arquivísticos e laboratoriais", iniciados em 1999, a investigação cruza análises de materiais, vestígios de casco e dados ambientais com relatos de fontes documentais.

Os artefactos recuperados do sítio incluem porcelana chinesa, objetos religiosos de origem goesa, moedas, búzios e materiais de construção consistentes com o "design" português da Índia, lê-se no estudo.

O conjunto arqueológico recuperado do sítio corresponde às descrições históricas das cargas transportadas pela rota do Cabo, e posterior renovação e renomeada por La Buse como "Victorieux" ("Vitoriosa").

"A nossa interpretação do sítio como fazendo parte da rota do Cabo, é apoiada por evidências arqueológicas e relatos históricos, e deita por terra narrativas contraditórias sobre o destino da embarcação", afirma o estudo, referindo, a título de exemplo, um relato de como o navio naufragou no Cabo Amber.

"Todavia, as nossas investigações alinham-se com relatos contraditórios de que o navio foi eventualmente abandonado e provavelmente incendiado, na ilha de Sainte-Marie, no mesmo micro arquipélago em que se localiza a ilha Madame, junto à ilha de Madagáscar.

Este caso arqueológico apresenta novos dados sobre a pirataria, o comércio global e o poder colonial no Oceano Índico Ocidental.

"O estudo ilustra a utilidade da aplicação de uma metodologia arqueológica multidisciplinar para esclarecer o registo histórico, particularmente no contexto da identificação de sítios de naufrágios piratas que tão raramente conservam provas diagnósticas inequívocas, como por exemplo, o sino de Wydah Gally", afirma o estudo dos investigadores Brandon A. Clifford e Mark R. Agostin.

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