O presidente do conselho executivo da Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, José Paiva, foi às salas de aulas nos últimos dias para marcar uma reunião com os alunos sobre o tema ‘Fascismo e Arte'. O debate surge na sequência do protesto de sexta-feira, quando os alunos receberam o primeiro-ministro, José Sócrates, com palavras de ordem "Governo fascista é a morte do artista".
Joel Managem, presidente da Associação de Estudantes, garante que 'a reunião acontecerá, em princípio, na segunda-feira, e está marcada só para os alunos que fizeram parte da manifestação'. Para os estudantes, 'toda a escola devia ir à reunião para perceber o que realmente se está a passar'. 'Consideramos que a reunião faz sentido, embora não percebamos o tema escolhido', referiu.
Contactado pelo CM, o presidente do conselho executivo esclarece que se trata de um debate 'interno'. 'Convidei os alunos a participar num debate aberto a todos os que quiserem participar. Ninguém é obrigado, assim como não foram obrigados a participar na manifestação. É um debate interno sobre facismo e arte e surge devido ao slogan ‘governo fascista é a morte do artista' usado pelos alunos. Sentem-se ameaçados, enquanto artistas, por um governo que classificam de fascista. Queremos ouvir os alunos sobre as suas ansiedades, as suas tensões e inquietações. No fundo, queremos desmistificar o que está por detrás deste tipo de mensagem', garantiu.
GREVE COM POUCA ADESÃO
Apenas 39 das 8500 escolas estiveram encerradas durante as duas primeiras horas da manhã de ontem, segundo o Ministério da Educação. Em alguns estabelecimentos nenhum professor fez greve. Mas na EB1 Frei Luís de Sousa, em Lisboa, os portões só foram abertos às 10h30. 'Basta de ofender os professores portugueses' foi o slogan do protesto dos professores desta instituição que não quiseram prestar declarações. Alguns pais mostraram-se indignados com a greve, que afectou a hora de entrada nos seus empregos. 'Foi um protesto que acabou por nos prejudicar. Como não temos onde deixar as crianças, deixámos de ir para o trabalho para ficar com elas', disse Maria Oliveira, mãe da Margarida, que tem seis anos. Na Escola Secundária D.Pedro V, as aulas decorreram normalmente. Célia Pécurto, professora de Inglês, defende que existem outras formas de luta e 'que fazer uma greve nesta altura do ano lectivo iria prejudicar os alunos'. Opinião partilhada pela Vice-Presidente do Conselho Executivo, Isabel Vicente, que afirma ter sido melhor assim para o bem dos alunos. Já Eduarda Veloso, professora de Educação Física, diz que não aderiu à greve porque não tinha aulas naquele período. A professora não considera a greve prejudicial para os alunos e defende que é uma forma de alertar o Governo para a insatisfação dos professores face ao actual estatuto da carreira de docente.'Se tivesse aulas, teria feito greve e depois compensava a matéria, os alunos não ficariam prejudicados', garantiu a professora.
Nas Caldas da Rainha, a greve dos professores passou despercebida aos alunos, pela ausência de faixas ou cartazes nas escolas e porque as aulas decorreram normalmente. Luís Miguel, estudante na EBI de Santo Onofre, disse ao CM que 'não se notou nada'. Carlos Almeida, presidente da comissão administrativa provisória do agrupamento de escolas de Santo Onofre, confirmou que a paralisação nos dois primeiros tempos nos onze estabelecimentos de ensino que o compõem 'não teve relevância'. 'Em 187 professores, faltaram cinco e não se sabe se foi por causa da greve', apontou. Na Escola Secundária Raul Proença, 'nenhum dos 48 professores faltou às aulas', revelou Carlos Ferreira, do conselho executivo. A greve dos professores 'ficou aquém das expectativas', reconheceu Fernando Jerónimo, do Sindicato dos Professores da Zona Centro, que registou uma adesão de 17 por cento nas escolas das Caldas da Rainha.
No Algarve, na maioria das escolas não se notava qualquer efeito da greve à porta. Em Faro, apenas na Escola Secundária Tomás Cabreira alguns professores participavam no protesto, reunidos em frente à entrada do estabelecimento. Com eles tinham diversos folhetos para distribuição.
Para a manifestação de sábado, em Lisboa, os sindicatos esperam a participação de dezenas de milhares de professores de todo o país.
Em Coimbra, um grupo de professores foi afastado pela PSP do local onde pretendia entregar uma moção a José Sócrates, minutos antes da chegada do primeiro-ministro para visitar as obras de uma rede de fibra óptica. 'É uma vergonha que a polícia portuguesa esteja a ser utilizada desta forma, seja instrumentalizada para impedir que os portugueses manifestem as suas opiniões livremente', disse Luís Lobo, dirigente da Plataforma Sindical. Os docentes acabaram por se manifestar em silêncio, mostrando uma faixa negra à passagem da comitiva governamental.
SAIBA MAIS
ANTÓNIO JOSÉ ARROYO
O patrono da Escola foi engenheiro, autor de diversas obras sobre literatura, música, artes plásticas. Dedicou a vida ao estudo do ensino técnico e à arte aplicada.
1919
Ano em que foi fundada a Escola de Arte Aplicada de Lisboa, destinada ao ensino especializado das artes industriais.
1993
Ano em que, com o estabelecimento da organização da educação artística, foi possível atribuir a designação de Escola Secundária Artística António Arroio.
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