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Escolas perdem 6 mil estudantes por ano

Estudo do Conselho Nacional de Educação diz que tendência continua até 2020.

12 de dezembro de 2017 às 00:01

Portugal vai perder seis mil alunos por ano no 1º ciclo do ensino básico, realidade que não será contrariada antes do ano 2020 devido ao decréscimo da população residente, revela o relatório ‘Estado da Educação 2016’, divulgado pelo Conselho Nacional de Educação.

"A diminuição da população escolar e a sua localização maioritária no litoral permitem antever um impacto na organização da rede escolar dos ensinos básico e secundário (público e privado)", afirma no prefácio a nova diretora do CNE, Maria Emília Brederode Santos, que substituiu recentemente David Justino e por isso não orientou o documento.

O estudo revela que "Portugal é o país que mais utiliza a retenção escolar de alunos", uma vez que "em 2015 mais de 30% dos estudantes já tinham chumbado pelo menos uma vez". Uma situação que se verifica "logo no início do percurso escolar", tendo cerca de 17% dos alunos chumbado até ao 6º ano de escolaridade.

Portugal é também, juntamente com Espanha e França, um dos países onde a classe social tem mais impacto nos resultados escolares. Em Portugal, um aluno de classes desfavorecidas tem 40% de probabilidade de chumbar de ano, enquanto entre as classes mais privilegiadas a probabilidade é de apenas 12 por cento, indica o estudo.

Suportado em avaliações internacionais, como o PISA e o TIMMS, o estudo do CNE conclui também que Portugal é o país com maior número de horas dedicadas à matemática no 1º ciclo. Na Europa, os alunos do 4º ano têm em média 842 horas de aulas por semana e Portugal não foge muito à regra, com 864 horas.Mas Portugal é claramente o país onde estes alunos mais tempo dedicam à aprendizagem da Matemática, que representa 32% do total. "Nenhum outro país se aproxima, nem em proporção nem em valor absoluto", refere o documento. O mais próximo é a Itália, com 22 por cento.

A nova presidente do CNE garante que a ação desta entidade vai privilegiar nos próximos tempos "uma investigação mais próxima do terreno, que entre na escola e mesmo na sala de aula, que ouça alunos, professores e direcções". Maria Emília Brederode Santos garante que o acompanhamento do projecto da ‘flexibilidade curricular’ será também prioridade do CNE.

Professores portugueses com excesso de trabalho

Os docentes portugueses sentem-se também "muito pouco reconhecidos no local de trabalho". "Em 2012, 26% dos professores declaram nunca serem reconhecidos pelo seu trabalho e 48% afirmam que, no geral, os professores são pouco respeitados pela sociedade", refere o documento do CNE. A situação é ainda mais grave na vizinha Espanha, onde 62% consideram que é uma profissão pouco respeitada na sociedade.

Os professores portugueses estão também muito acima da média no que concerne ao recurso a aulas meramente expositivas, revela o estudo do CNE com base em dados do PISA. Apenas os docentes irlandeses estão acima dos portugueses nesta matéria. Em Portugal, apenas 13% dos alunos dizem que lhes foi alguma vez pedido para elaborarem um projeto.

A grande maioria dos alunos portugueses são ensinados por professores licenciados e sete por cento dos docentes têm mestrado ou doutoramento. Muito abaixo dos mais de 90% de docente com mestrado na Finlândia e na República Checa.

Comum aos professores de todos os países é o facto de haver três variáveis determinantes para a satisfação com a profissão: sentir que os alunos aprendem; ter um bom relacionamento com os alunos; e conseguir controlar o comportamento em sala de aula.

SAIBA MAIS

- A taxa de abandono escolar precoce em Portugal subiu para 14% em 2016, invertendo uma tendência de redução, situando-se a 4 pontos percentuais da meta europeia definida para 2020 (10%).

- Portugal, Espanha e França e são os países onde os diretores escolares declaram ter menos autonomia na gestão das respectivas unidades de ensino.

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