O CM esteve no abrigo de animais Cantinho da Milú, onde vivem mais de 600 cães. Particularidade: os voluntários estão a receber formação para os animais adotados já virem treinados.
Cães de prenda: não ofereça, adote
Os latidos ouvem-se ainda antes de entrar no Cantinho da Milú. No albergue de animais de Setúbal mais de 600 cães são acarinhados por Emília Silva (Milú), pelos trabalhadores e pelos voluntários como se tratasse de uma grande família. Neste Natal, só lhes faltam donos.
"Estes últimos meses bateram os recordes de abandono", lamenta Milú ao CM. "Em outubro chegaram a abandonar aqui dois cães por dia e, no fim do mês, tínhamos mais 30 cães a viver no Cantinho. Agora estamos com lotação máxima", explica a proprietária do abrigo, comparando os números de abandono animal com os do verão, quando habitualmente mais cães são deixados na rua.
Em época de Natal, muitas famílias compram cachorros, em vez de adotarem, para oferecer aos mais novos, mas, quando algo corre mal, o abandono é uma triste realidade. "Os cachorros brincam, mordem e arranham. Às vezes podem aleijar as crianças. As famílias não estão preparadas para isto e acham que a solução é deixá-los na rua", comenta Milú rodeada da sua família de quatro patas.
Animal já vem treinado
A Pet B Havior associou-se ao Cantinho da Milú para dar formação aos voluntários do albergue no treino dos animais e confirma que um cão adotado tem vantagens. Pedro Paiva, fundador daquela associação, destaca o "à-vontade" que os cães mais velhos têm: "Em função da idade, um cão adulto já tem outro comportamento e sabe relacionar-se melhor com as pessoas. Para além disso, muitos dos cães que aqui estão já estiveram num ambiente familiar."
Assim, o CM propõe que, neste Natal, não compre: adote um animal. Um formulário, condições mínimas e a consciência de que um cão é um amigo para a vida, não descartável, é tudo o que precisa. No espírito da quadra, um cão adotado não é um presente: é um novo membro da família.
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