Nas últimas semanas, só em Miranda do Douro morreram dezenas de animais.
A secretária técnica dos Ovinos de Raça Mirandesa defendeu esta terça-feira que a falta de alimentos, associada aos incêndios que ocorreram na área de fronteira, poderá ser a explicação para ataques de lobos neste território do Nordeste Transmontano.
Só no concelho fronteiriço de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, nas últimas três a quatro semanas foram registados três ataques de lobos nas localidades de Malhadas, Fonte Ladrão e mais recentemente em Genísio, que resultaram na morte de algumas dezenas de animais e ferimentos graves em outros tantos.
Em declarações à agência Lusa, Andrea Cortinhas disse que o lobo só ataca quando há falta de alimento e quando tem fome.
"O lobo ataca as explorações pecuárias quando os animais estão estabulados, só depois regressa para se alimentar. O lobo está mais entretido em anular os movimentos dos animais [ovinos] do que propriamente para os comer. Se não se alimentar com calma vai estar sempre a atacar, porque é o seu instinto", explicou a técnica.
Andrea Cortinhas acrescentou ainda "que quando se registam animais feridos pode não ser para o lobo os matar, mas porque estão em movimento".
"Se as conseguir matar, ele vai mais tarde para as comer, mas o pastor apercebe-se do ataque do lobo e ficam os estragos e prejuízos nos pastos ou estábulos dos proprietários", frisou.
Para Andrea Cortinhas, os incêndios em ambos os lados da fronteira entre o Nordeste Transmontano e a província espanhola de Castela e Leão provocaram falta de alimento e os lobos atacam mais próximos das localidades onde há ovelhas ou outros animais de pequeno porte.
"Há muitos anos que não eram referenciados tantos ataques de lobos e a explicação pode estar nos estragos provocados pelos incêndios no ecossistema. E quando havia ataques, eram esporádicos e com menos animais mortos. Neste momento são muitos os ataques de lobos e de forma consecutiva, com muitos animais mortos e feridos, o que está a assustar os pastores, indicou.
A secretaria técnica da Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churras Mirandesa disse ainda que os pastores estão munidos de cães de gado, e em alguns casos com cercas com alguns metros de altura, mas o lobo consegue ultrapassar todos estes obstáculos.
Já o biólogo e presidente da Associação de Conservação da Natureza -- Palombar, José Pereira, é da opinião de que os lobos são muitos fiéis aos territórios da sua alcateia.
"Mesmo após um incêndio, os lobos têm a tendência em regressar ao seu território, mesmo que afastado das localidades", disse.
Contudo, José Pereira adianta que, havendo falta de alimento, os lobos são obrigados a fazer percursos mais distantes e mais dispersos para comer.
José Pereira é também da opinião que, na última década, não tem havido tantos ataques de lobos como aqueles que se estão a presenciar, porque havia alcateias históricas que desapareceram destes territórios raianos.
"Agora há novos indivíduos que estão a ocupar estes territórios para se reproduzirem. Poderá ser o que está a acontecer", vincou.
O biólogo acrescentou ainda que se perderam algumas formas tradicionais de maneio dos rebanhos, como pastor presentes, o que leva ao ataque dos lobos.
Na opinião do presidente da Palombar, tudo o que foi apontado tem razão de ser, mas é preciso encontrar soluções para uma coexistência pacífica entre o homem e o lobo.
A Lusa contactou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e aguarda resposta.
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