Hélio Pereira, um ceramista que se instalou em Faz Fato, viu o seu estúdio e o trabalho de uma vida "todo destruído" pela passagem do fogo.
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O incêndio que se iniciou em Castro Marim e alastrou a Vila Real de Santo António e Tavira deixou um rasto de destruição na serra nordeste algarvia e algumas pessoas sem nada, como o ceramista Hélio Pereira.
A agência Lusa visitou hoje a zona afetada, desde a área onde o fogo se iniciou, na Pernadeira, em Odeleite, Castro Marim, até à mata nacional de Santa Rita, em Tavira, passando pela freguesia de Vila Nova de Cacela, em Vila Real de Santo António, e viu como o fogo deixou grandes zonas de serra calcinada, afetando alguns edificados, como o estúdio de Hélio Pereira,
Embora a maioria das residências tenha sido salva, Hélio Pereira, um ceramista que se instalou em Faz Fato, no concelho de Tavira, viu o seu estúdio e o trabalho de uma vida "todo destruído" pela passagem do fogo, que deflagrou à 01:05 de segunda-feira, foi dado como dominado às 10:20, mas acabou por reativar cerca das 16:00 e só foi novamente dominado um dia depois, na tarde de terça-feira.
"O estúdio ficou todo destruído e a casa está danificada, as caixilharias de alumínio derreteram, queimou parte do teto e a canalização também foi afetada", disse à Lusa Hélio Pereira, enquanto removia os escombros calcinados do estúdio onde habitualmente trabalhava, à procura de algum pertence ou material que pudesse ter escapado ao fogo.
Com a ajuda da amiga Célia Câmara, Hélio Pereira procurava salvar ainda algumas peças de barro cheias de fuligem, na "esperança de que se possam lavar e ainda ser salvas".
Mas, pouco escapou à força das chamas, que ainda afetaram a casa contígua, embora sem a destruir totalmente, como aconteceu ao estúdio.
"O fogo começou a vir e já não houve tempo para nada. Só consegui reunir alguns documentos, que era uma coisa que me preocupava, dado a dificuldade que agora existe em renová-los. Aqui fora havia um estrado em madeira, o fogo pegou aqui fora e o resto já não pôde ser salvo", contou.
Ceramista de ofício, Hélio Pereira ficou agora sem material, como o motor da roda de oleiro, as peças já produzidas ou os fornos para cozer o barro, e está impedido de exercer o ofício, que é a "única forma de sustento".
Questionado sobre o que iria fazer, Hélio Pereira respondeu que, "felizmente, a saúde ficou" e agora é preciso "encontrar outro sítio" e "recomeçar de zero".
A amiga, Célia Câmara, sublinhou que houve, "mesmo assim, alguma sorte, porque as botijas de gás que alimentavam os fornos não explodiram".
"Aqui à volta, vemos o campo e a serra toda ardida, mas as casas foram salvas. Mas, ele aqui perdeu tudo, o fogo não deixou nada", afirmou Célia Câmara, destacando a "rapidez" e a "dimensão" do incêndio quando passou no local.
Em Vale da Esteva, também no concelho de Tavira, Albertina Gonçalves viu a sua casa ser poupada pelas chamas, mas tudo o que estava em volta da habitação acabou por arder, deixando a sua economia de subsistência afetada.
"Só se salvou a casa e a zona onde está lavrado, junto às alfarrobeiras. Tínhamos isto limpo, as portas já são de ferro por causa disso. Mas, mesmo assim, o fogo queimou tudo à volta e chegou mesmo junto da casa, como se pode ver. Plantamos batatas, tínhamos pessegueiros, vinhas, mas ardeu tudo, assim como o motor para tirar água do poço", lamentou.
Albertina Gonçalves disse que não estava em casa quando o fogo começou e já só regressou depois de o incêndio passar, quando as autoridades permitiram, e não sabia o que ia encontrar.
"Quando voltei não sabia se tinha ficado alguma coisa ou não, mas pelo menos a casa aguentou. Agora, tudo o que a gente tinha aqui perdeu-se e, com estas idades, já não sei se conseguimos recuperar tudo outra vez", afirmou ainda a mulher de 74 anos.
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