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Igreja Católica portuguesa afirma que migrantes não são uma ameaça

"Um migrante é um irmão, não uma ameaça", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas.

10 de novembro de 2025 às 17:52

A Igreja Católica portuguesa afirmou esta segunda-feira que os migrantes não são uma ameaça e destacou que o seu aumento é uma oportunidade para se construir uma sociedade sem excluir ninguém.

"Um migrante é um irmão, não uma ameaça", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, em Fátima, na abertura da reunião magna dos bispos portugueses, que se prolonga até quinta-feira.

Segundo José Ornelas, também bispo da Diocese de Leiria-Fátima, a Igreja está consciente "do impacto que traz à sociedade portuguesa o aumento do número de migrantes", notando que interpela à capacidade de acolher e integrar, mas também é "uma oportunidade" para construir, "uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, onde ninguém é excluído ou descartado".

O prelado anunciou a realização, no sábado em Fátima, do "Fórum Migrações", para "sensibilizar e formar as comunidades para o fenómeno migratório e para contribuir para a reflexão desta temática na Igreja e na sociedade em geral".

O encontro é dirigido aos bispos, a participantes das dioceses com ligação à dinâmica das migrações, aos organismos nacionais da CEP e às congregações religiosas que trabalham nesta área, adiantou.

Antes, o presidente da CEP referiu que "Portugal continua a enfrentar diversos desafios do ponto de vista social", sendo "as dificuldades económicas de muitas famílias, as desigualdades sociais, o difícil acesso à habitação, a pressão sobre os serviços de saúde e o fenómeno migratório" alguns dos exemplos, "agravados por discursos por vezes polarizados e ideologias extremistas".

"Vivemos dias em que o medo, a desconfiança e a agressividade parecem ocupar o lugar da razão e do diálogo", assinalou José Ornelas, realçando que "nenhum projeto humano se pode erguer sobre a divisão, o insulto e o ódio".

Para José Ornelas, "a nação só floresce quando cada cidadão reconhece no outro um irmão e não um inimigo", apelando para a rejeição de "palavras fáceis que prometem soluções rápidas, mas que alimentam ressentimentos e destroem pontes".

"O caminho cristão é exigente, é o da escuta, da verdade, da fraternidade concreta", observou.

No discurso de abertura, o bispo referiu-se ainda ao "período de renovação das estruturas democráticas" no país, após as eleições legislativas realizadas em maio, as autárquicas no mês passado e a aproximação das presidenciais em janeiro próximo.

"É urgente que os homens e as mulheres que servem na política busquem mais consensos, se comprometam verdadeiramente com o bem comum e procurem garantir a paz social, na dignidade e na justiça", declarou o presidente da CEP.

Na agenda da 212.ª Assembleia Plenária da CEP estão a reflexão sinodal sobre os seminários, o processo sinodal, as compensações financeiras para vítimas de crimes sexuais na Igreja ou a reorganização das comissões episcopais.

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