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Indústria papeleira rejeita substituição de eucalipto por outras espécies

Em causa está o anúncio de abertura de uma medida agroflorestal direcionada à zona piloto do Pinhal Interior.

22 de janeiro de 2018 às 18:01

A CELPA -- Associação da Indústria Papeleira - defendeu esta segunda-feira não haver necessidade de replantar áreas de eucalipto com outras espécies e que a reflorestação deve ser feita nas áreas florestais de mato ou incultas.

"Toda a argumentação que faz uso da ideia de que não há espaço para a convivência das várias espécies é uma argumentação errada", disse hoje à Lusa Carlos Vieira, diretor-geral da CELPA - Associação da Indústria Papeleira, defendendo não ser preciso "ir buscar áreas de eucaliptal a zonas com pouca gestão ou ditas abandonadas para plantar outras espécies".

Em causa está o anúncio de abertura de uma medida agroflorestal direcionada à zona piloto do Pinhal Interior para que se inicie o processo de substituição de áreas de eucalipto e de pinheiro por folhosas de crescimento lento, feito pelo secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas.

Segundo o governante, a área florestal portuguesa tem "cerca de 100 mil hectares abandonados de eucalipto para os quais o Governo defende a reconversão quando se encontrem em áreas inadequadas em termos de produtividade.

Lembrando que "35% do território é ocupado com floresta", o diretor-geral da CELPA afirmou que "as áreas de matos incultos e de pastagens, no conjunto, valem tanto como esta área florestal" e são "por excelência áreas que podem ser arborizadas com várias espécies", sem necessidade de reduzir a área de eucalipto.

Tanto mais que, defendeu, "os matos incultos que estão na primeira posição das áreas ardidas, ocupam cerca de 50% da área ardida" e só depois "vem o pinheiro, com 15%, e o eucalipto, com 13%".

"O eucalipto é a espécie que dá um rendimento ao fim de 10/12 anos e esse rendimento permite a alguns produtores tratarem de outras espécies autóctones e, portanto, é com o rendimento do eucalipto que alguns deles poderão aspirar a plantações de espécies que só dão rendimento ao fim de 20/30 anos e que não são economicamente rentáveis na vida útil de uma pessoa", acrescentou.

Carlos Vieira falava à Lusa à margem de uma apresentação do projeto "Melhor Eucalipto", realizada hoje na Quinta do Furadouro, no Olho Marinho, no concelho de Óbidos.

Desenvolvido desde 2015, o projeto "destina-se precisamente a partilhar as boas práticas de gestão em que as indústrias de base florestal da fileira do eucalipto são exemplo de excelência", afirmou durante a sessão que contou com a participação da diretora do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Maria de Jesus Fernandes.

A divulgação de boas práticas chegou já presencialmente a "785 proprietários florestais, 100 técnicos de organizações de produtores e empresas, e a 75 alunos de instituições de ensino superior", revelou Francisco Goes, coordenador do projeto que já alcançou na internet, até domingo, 63.115 visualizações.

A meta é em 2018 "chegar ao máximo de entidades possíveis", disse aquele responsável à Lusa, adiantando que o sítio da internet do projeto será este ano carregado com novos conteúdos e filmes e que as ações serão alargadas a setores como a GNR e os prestadores de serviços contratados para a plantação de eucalipto e que não têm formação no setor.

A CELPA é constituída pelas maiores empresas nacionais de produção de pasta para papel e cartão, sendo os seus associados responsáveis por 100% da produção nacional de pasta para papel e mais de 85% da produção nacional de papel e cartão.

Responsáveis pela gestão ativa de 199 mil hectares de floresta, os associados das CELPA são responsáveis pela transformação anual de 7,9 milhões de metros cúbicos (m3) de madeira de eucalipto, 0,6 milhões de m3 de pinheiro-bravo e 0,2 milhões de toneladas de papel para reciclar.

Daquelas empresas saem 5% das exportações nacionais de bens (para 120 países) dando emprego a 3.000 trabalhadores diretos.

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