Descoberta foi revelada ao mundo há mais de quatro décadas e hoje há cientistas em todo o mundo a estudar as suas aplicações.
Purificar o ar, conseguir água potável no deserto ou tratar doenças são algumas das aplicações da descoberta galardoada esta quarta-feira com o Nobel da Química, que também já é explorada por investigadores do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
O japonês Susumu Kitagawa, o australiano Richard Robson e o jordano Omar Yaghi desenvolveram uma nova forma de arquitetura molecular - as estruturas metalorgânicas - hoje premiada pela Real Academia Sueca de Ciências: As estruturas podem contribuir para resolver alguns dos maiores desafios da humanidade, como conseguir recolher água do ar do deserto, decompor vestígios de produtos farmacêuticos no ambiente ou capturar dióxido de carbono.
Estas construções - de nodos metálicos interligados por moléculas orgânicas - têm cavidades que permitem às moléculas entrar e sair, "como se fosse a estrutura de um edifício, mas ao nível molecular", explicou à Lusa Moisés Pinto, professor de Engenharia Química do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa.
A descoberta foi revelada ao mundo há mais de quatro décadas e hoje há cientistas em todo o mundo a estudar as suas aplicações. Os investigadores do IST também estão nesta corrida.
"Aqui no Técnico há muitos grupos a explorar estes materiais", revelou Moisés Pinto, contando que há uma equipa focada em tratar doenças através do armazenamento de pequenas moléculas, como o óxido nítrico (NO).
"O NO é muito tóxico, mas é produzido no corpo humano como sinalizador de muitas funções biológicas. Se conseguirmos libertar esse gás de forma muito localizada em sítios específicos do corpo humano, conseguiremos tratar uma série de doenças provocadas por desregulações dos sistemas biológicos", explicou o professor.
Também há cientistas do Técnico a recorrer à descoberta dos galardoados para separar gazes. Moisés Pinto deu como exemplo a separação de moléculas de metano das de dióxido de carbono (CO2), que já pode ser feito, mas com "um consumo energético muito elevado".
Outros investigadores em Lisboa estão focados na fotocatálise, um processo que aumenta a velocidade de reações químicas através da ação da luz e de um catalisador.
Cientistas de todo o mundo estão a trabalhar para dar uso à descoberta dos três químicos. Mas estas utilizações já são economicamente viáveis? "Essa é uma questão que acho que será respondida durante os próximos anos", disse o professor da Universidade de Lisboa.
Muitas destas aplicações estão numa fase de desenvolvimento industrial ou pré-industrial.
"Há empresas que agora começam a dar os primeiros passos a produzir estes materiais em escala industrial", mas "é preciso assegurar que no final seja economicamente viável", e também sustentável do ponto de vista ambiental e energético.
Segundo Moisés Pinto, ainda é preciso "bastante trabalho ao nível do desenvolvimento dos sistemas".
Para o professor de Engenharia Química, o Prémio Nobel hoje atribuído "pode ajudar a atrair a atenção da sociedade e até das empresas de tecnologia para se focarem nesta área e explorarem de forma mais consistente e numa escala maior as possíveis aplicações destes materiais nas diferentes áreas".
Desde o final dos anos 90 que se sabia que se conseguiriam obter estruturas de interligação entre moléculas orgânicas e centros metálicos para se obter estruturas tridimensionais, recordou Moisés Pinto. Já este século, houve grandes desenvolvimentos que permitiram controlar a estrutura dos materiais.
Após as descobertas inovadoras dos três laureados, os químicos construíram dezenas de milhares de diferentes estruturas metalorgânicas e algumas podem contribuir para resolver alguns dos maiores desafios da humanidade, como garantir às populações que vivem no deserto o acesso a água potável.
"É possível, com esses equipamentos, fazer a extração da água que existe no ar e, portanto, obter água líquida a partir da água que existe no estado de vapor no ar. Isso é particularmente relevante para muitos locais na terra onde infelizmente as populações não têm água potável", sublinhou Moisés Pinto.
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