Primeira vez que CGTP e UGT se uniram foi em 1988 contra um conjunto de reformas laborais.
As últimas dez greves gerais em Portugal têm dois aspetos em comum: todas foram convocadas pela CGTP, sendo que a UGT se juntou em quatro ocasiões; e quase todas aconteceram quando governos de centro-direita estavam no poder.
As greves gerais têm sido, ao longo das últimas décadas, um dos instrumentos mais visíveis da ação sindical em Portugal. Surgem quase sempre em períodos em que o debate sobre direitos laborais se intensifica ou quando o impacto de medidas económicas se faz sentir de forma transversal nos trabalhadores.
Foi em fevereiro de 1982, durante o governo de Francisco Pinto Balsemão, que surgiram os primeiros sinais de rutura. A CGTP convocou a primeira greve geral da democracia portuguesa, em que a contestação estava centrada em propostas para flexibilizar despedimentos e na decisão de limitar aumentos salariais na função pública.
Meses depois, em maio, uma nova paralisação surgiu na sequência da morte de dois manifestantes no Porto, vítimas da repressão policial. As críticas dirigiam-se ao Governo, exigindo a demissão do mesmo, e ao uso da força policial, uma vez que se reivindicava o fim da polícia de intervenção, de acordo com o Diário de Notícias.
Já em 1988, com Cavaco Silva na chefia do Governo, a CGTP e a UGT juntaram-se de forma inédita contra um conjunto de reformas laborais que, segundo os sindicatos, retirariam garantias aos trabalhadores. Apesar de Cavaco Silva justificar as medidas como necessárias para o crescimento do país e do apoio da primeira maioria absoluta monopartidária, as centrais sindicais acabaram por se aliar ao Tribunal Constitucional e parte das medidas foram consideradas inconstitucionais.
Em dezembro de 2002, desta vez sob a liderança de Durão Barroso, existiu uma nova contestação conjunta das duas centrais sindicais. As mudanças no código do trabalho e o enfraquecimento do poder de compra motivaram uma forte adesão à greve.
A primeira greve geral de um Governo socialista deu-se a 30 de maio de 2007, quando a maioria absoluta de José Sócrates enfrentou uma paralisação organizada pela CGTP contra alterações laborais vistas como potenciadoras de horários mais flexíveis e que facilitariam o processo de despedimento, como afirma o Público.
Ainda sob o governo de Sócrates, os sindicatos mobilizaram-se em novembro de 2010 contra cortes salariais, congelamentos de pensões e reduções nos apoios sociais, num momento em que o país enfrentava sérias dificuldades financeiras.
Um ano depois, em 2011, e com Pedro Passos Coelho no Governo, a CGTP e a UGT voltaram a unir esforços “contra o empobrecimento e a exploração” - foi a primeira grande greve dos anos da troika. A paralisação pretendia denunciar as medidas de austeridade impostas no âmbito do programa de assistência financeira, segundo o Expresso.
Passados uns meses, em março de 2012, num ambiente ainda dominado pelas exigências da troika, a CGTP convocou nova greve, criticando políticas relacionadas com o emprego, salários e direitos dos trabalhadores e exigindo mudanças ao executivo PSD-CDS.
Ainda em 2012, a tensão social atingiu um ponto alto e a greve convocada pela CGTP teve uma forte adesão. O dia da greve, 14 de novembro, ficou marcado por protestos que resultaram em confrontos junto à Assembleia da República, de onde 48 pessoas saíram feridas.
A última grande paralisação nacional deu-se a 27 de junho de 2013, ainda com Passos Coelho a liderar o governo, quando a CGTP voltou a mobilizar o país contra medidas de austeridade e defendeu a realização de eleições legislativas antecipadas. Esta greve uniu as duas centrais sindicais e encerrou o ciclo de grandes paralisações dos anos da troika.
Nas dez greves gerais que ocorreram desde o 25 de abril de 1975, apenas duas aconteceram durante o governo socialista de José Sócrates. Desde há 12 anos, no tempo da troika, que não havia uma greve geral em Portugal e esta quinta-feira, 11 de dezembro, a CGTP e a UGT vão voltar à rua, numa ação conjunta contra as alterações no código de trabalho.
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