Durante o ano de 2019 aumentaram as denúncias feitas pelas próprias vítimas, constituindo estas a maior fonte dos registos (43,27%), adianta o relatório.
1 / 5
O Observatório da Discriminação Contra Pessoas LGBTI recebeu 171 denúncias em 2019, ano em que se registou uma subida de 4% nas denúncias por parte das vítimas, sendo metade delas "crimes ou incidentes de ódio".
Os resultados do Observatório foram hoje divulgados pela associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo (LGBTI), e dá conta que foram registados 48 crimes e 41 incidentes discriminatórios motivados pelo ódio contra pessoas LGBTI em 2019, entre os 171 casos ocorridos (menos 15 do que em 2018.
Entre as denúncias, as agressões verbais, sobretudo presenciais, são as ocorrências mais frequentes (46,58%), depois o 'bullying', as agressões físicas, o acesso a bens e serviços e violência doméstica, e as testemunhas só intervieram num terço das vezes.
Durante o ano de 2019 aumentaram as denúncias feitas pelas próprias vítimas, constituindo estas a maior fonte dos registos (43,27%), adianta o relatório.
"Um quinto das situações foram denunciadas por testemunhas (21,05%), seguindo-se situações registadas por outras pessoas interessadas, nas quais se incluem outras organizações e serviços de apoio a vítimas LGBTI+ (17,54%) e por serviços ou projetos da Associação ILGA Portugal, tais como o Serviço de Apoio à Vítima, o Serviço de Apoio Psicológico ou o Serviço de Apoio Social (9,94%)", refere.
No ano passado verificou-se uma subida de 4% das denúncias por parte das próprias vítimas em relação a testemunhas ou serviços de apoio (39% para 43%), sendo "a idade média das vítimas de 27 anos (13 anos a mais jovem e 60 a mais velha), maior representação de homens cisgénero (43,98%), primeiras pessoas intersexo a denunciar (3%), orientação sexual mais frequente gay (36,75%), mais representação pansexual".
De acordo com o relatório, quem discrimina, num quarto das situações foram grupos de pessoas, em 40% das ocorrências são desconhecidas, mas logo seguida de pessoas próximas (parceiros/as e familiares), em 13,5% das situações é no contexto escolar (colegas 9,63% e pessoal docente e não docente 3,7%) e o grupo etário mais frequente dos 15 aos 24 anos de idade.
A maioria das situações denunciadas são de grandes centros urbanos (Lisboa e Porto têm quase metade) e o espaço público é apresentado como o lugar mais comum (15,53%), logo seguido do espaço doméstico e da escola.
As ocorrências mais frequentes são as agressões verbais, sobretudo presenciais (46,58%), depois o 'bullying', agressões físicas, acesso a bens e serviços e violência doméstica, entre os mais destacados.
Situações de impacto psicológico são apontadas em dois terços das situações (67,65%), o impacto social em mais de metade (55,14%) e consequências físicas num terço (30,88%).
Os dados apontam ainda que uma em cada cinco situações (19,4%) resultaram em contactos e denúncias às autoridades e entidades responsáveis, um aumento de quase 6% em relação ao ano anterior.
Quanto aos motivos para não denunciar, o receio de represálias é de 20%, seguindo o desconhecimento, falta de provas ou descrença nas autoridades (10,87%).
Quando apresentada queixa, a desvalorização é a atitude mais vezes reportada, seguida de perto da reação neutra e da de apoio, conclui o relatório.
A Associação ILGA Portugal sublinha, em comunicado, que "os resultados evidenciam uma preocupante estagnação no reconhecimento e harmonização de direitos" das pessoas LGBTI e que, "ainda assim, representa de forma muito parcial a realidade nacional, díspar nas oportunidades de acesso a informação fidedigna, apoio, profissionais com formação adequada, redes de suporte LGBTI+, e muitos outros recursos que frequentemente escasseiam".
"Todas situações se referem a ocorrências resultantes de preconceito, discriminação e violência em função da orientação sexual, identidade de género, expressão de género ou características sexuais, reais ou presumidas, das vítimas", vinca a ILGA, destacando que "metade das situações denunciadas neste Observatório constituem de facto crimes ou incidentes motivados pelo ódio contra as pessoas LGBTI+ em Portugal, de acordo com a definição da própria Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)".
"Do espaço público ao doméstico, passando pelo acesso a bens e serviços, no local de trabalho ou nas escolas, existem evidências da prevalência da discriminação em todo o tipo de contextos e grupos etários, o que revela que Portugal continua a não ser suficientemente seguro para que pessoas LGBTI e as suas famílias possam viver em pleno nos contextos de visibilidade social e comunitária", alerta Ana Aresta, presidente da direção da ILGA Portugal.
Segundo a mesma responsável, "o caminho para o combate à discriminação passa por mudanças no plano legal, com impacto direto no quotidiano e proteção de muitas pessoas".
"Depois de décadas de conquistas legais históricas, o país e os governos não podem descansar e esperar que corra tudo bem. É urgente reforço de medidas de educação, formação e sensibilização, incluindo forças de segurança, para além da necessária consolidação de estruturas de apoio e monitorização", conclui Ana Aresta.
A ILGA é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sob a forma de Associação de Solidariedade Social, fundada em 1996, e é a maior e a mais antiga associação de defesa e promoção dos Direitos das pessoas LGBTI e das suas famílias em Portugal.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.