Excesso de trabalho e mudanças de horários sem aviso levam médicos a alertar para o risco de rutura no serviço. Administração garante estar a implementar medidas, "que mexem com alguns interesses instalados".
O excesso de carga de trabalho pode levar médicos a deixar a urgência do Hospital Amadora-Sintra. O alerta é da Ordem dos Médicos (OM) e dos sindicatos, depois de um alerta de 19 médicos, que em carta aberta à administração da ULS Amadora-Sintra (ULSAS), avisaram que o serviço corre risco de rutura iminente. A recente abertura do Hospital de Sintra levou à partilha de profissionais entre as duas unidades, sobrecarregando ainda mais a urgência do Amadora-Sintra.
Ontem, às 15h00, era uma das unidades com mais utentes no serviço: tinha 72 à espera de 1ª observação, com tempo médio de 4h54m para os pouco urgentes e de 3h25 para os casos urgentes.
"O alerta não pode ser ignorado. O Conselho de Administração tem de falar com os médicos, tem que ouvir os médicos, e sobretudo, ser aconselhado pelos médicos", frisou Luís Campo Pinheiro, do Conselho Regional do Sul da OM, após reunião com a administração da ULSAS. Em causa estão medidas que não foram transmitidas aos clínicos. "Estão a acontecer subitamente sem aviso prévio, como mudança de horários, mudança do local de trabalho, e isso a Ordem não concorda e não aceita".
O conselho de administração garante que tem havido reuniões com os chefes de equipa, e que a partir de agora vai reunir-se individualmente com cada um dos médicos, para "encontrar soluções". Em comunicado, o conselho de administração da ULSAS explica que está a implementar várias medidas para melhorar o serviço de urgência do Hospital Fernando Fonseca, como o "redireccionamento de doentes não urgentes e emergentes preferencialmente para o SUB do Hospital de Sintra".
Foi também contratada uma nova coordenação para a gestão conjunta das urgências dos dois hospitais. "Está em preparação a criação de um Centro de Responsabilidade Integrada para a área da urgência, uma inovação organizacional que trará vantagens significativas tanto ao nível da gestão como da compensação dos profissionais que trabalham nos serviços de urgência, com base em critérios de produtividade e qualidade assistencial", explica a administração liderada por Carlos Sá, que salienta que estas alterações "inevitavelmente mexem com alguns interesses instalados, o que pode gerar resistências como as que atualmente se verificam".
No primeiro semestre foram contratados para a ULSAS 61 novos médicos para a área hospitalar e 31 para os Cuidados de Saúde Primários. A ULS Amadora-Sintra serve mais de 560 mil utentes (5% da população portuguesa), sendo que mais de 192 mil não têm médico de família.
Seis urgências encerradas
Este sábado e no domingo há vários serviços de urgência encerrados, segundo as escalas divulgadas pelo Serviço Nacional de Saúde. Nos dois dias estão fechadas as Urgências de Ginecologia/Obstetrícia (UGO) dos hospitais de Leiria, Aveiro e Vila Franca de Xira, e a urgência de Pediatria de Vila Franca de Xira. As UGO dos hospitais de Setúbal e das Caldas da Rainha estão fechadas durante do dia de hoje. Amanhã estão encerradas as Urgências de Ginecologia/Obstetrícia dos hospitais do Barreiro e de Santarém. Na 2ª feira está encerrado o SUB de Peniche, no dia seguinte não há urgência de obstetrícia (UO) em Santarém, e a UGO do Hospital Garcia de Orta, em Almada, está encerrada na 3ª e 4º feira. Na 5ª feira, volta a fechar a UO de Santarém e a UGO de Setúbal.
Administração quis cirurgias adicionais
Foi a administração do hospital de Santa Maria (Lisboa) quem pediu aos dermatologistas para realizarem cirurgias adicionais, de modo a aumentar o financiamento do Estado à unidade de saúde. Segundo o 'Expresso', os médicos alertaram os gestores para os valores elevados de algumas cirurgias. A ideia seria os dermatologistas realizarem as cirurgias durante as consultas, sendo contabilizadas como exames. Desta forma, o hospital recebia do SNS o pagamento de um exame e não de uma cirurgia, enquanto os médicos só recebiam o salário. Os elevados gastos no serviço de Dermatologia estão a ser investigados pelo Ministério Público e já levou responsáveis do hospital a serem ouvidos no Parlamento. As auditorias internas confirmaram irregularidades no serviço, e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde concluiu que o hospital gastou 40 milhões de euros em cirurgias adicionais desde 2022.
Saiba mais
INEM Faltam enfermeiros
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses pediu uma reunião urgente ao Conselho Diretivo do INEM para "saber que respostas" tem para a falta de enfermeiros no instituto, para o não pagamento do trabalho extraordinário e para o "alargado" volume de trabalho suplementar.
Almada Governo corrige
O Ministério da Saúde corrigiu ontem a informação publicada na quinta-feira em Diário da República, que determinou que a ULS Almada/Seixal tem 9 vagas para médicos alvo de incentivos pecuniários e outros. A Declaração de Retificação esclarece que as vagas são todas apenas para a especialidade de Ginecologia/Obstetrícia.
900 nas urgências
A meio da tarde de ontem os hospitais do SNS tinham 899 utentes à espera de 1º atendimento médico após a triagem. O tempo médio de espera nos doentes urgentes era de 1h34m. Na Grande Lisboa, o hospital com o tempo médio em observação mais elevado era o de Cascais, com mais de 16 horas, seguindo-se o S. F. Xavier: os utentes estavam em média quase 12 horas na urgência, desde a triagem até terem alta.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.