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Médicos consideram que negociações com Governo sobre aumentos salariais estão em "estado embrionário"

Associações sindicais referem que não houve acordo sobre os aumentos salariais, mas foram feitos avanços negociais noutras matérias, como férias e tempo de trabalho no serviço de urgência.

01 de novembro de 2023 às 07:58

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) realçou esta quarta-feira que a negociação com o Governo sobre aumentos salariais ainda está num "estado embrionário" e defendeu que é necessária "vontade política" para ser alcançado um acordo.

"Além do que supostamente se evoluiu hoje, é preciso também que as grelhas salariais evoluam de facto, senão [a negociação] vai ser muito difícil", destacou à Lusa a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, no final de uma nova ronda negocial entre o Ministério da Saúde e o seu sindicato e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Realçando que as negociações sobre a revisão das grelhas salariais estão "num estado embrionário", Joana Bordalo e Sá garantiu que a Fnam está pronta para assinar um acordo, mas frisou que este "tem que ser um bom acordo", não só para os médicos, mas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No final da nova ronda negocial no Ministério da Saúde, em Lisboa, que começou na terça-feira à tarde e terminou pelas 00h00 desta quarta-feira, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, adiantou que não havia acordo sobre os aumentos salariais, mas tinham sido consolidados avanços negociais noutras matérias, como férias e tempo de trabalho no serviço de urgência.

A contraproposta dos sindicatos apresentada ao Governo prevê um aumento salarial transversal de 30%, mas o Governo propõe um aumento de cerca de 5%.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, frisou também hoje, no final da reunião, que o acordo com os médicos sobre aumentos salariais está próximo, mas defendeu que as negociações devem ter "balizas muito claras" que reconheçam o papel destes profissionais sem introduzir "novos fatores de desequilíbrio".

A próxima ronda negocial está marcada para sexta-feira à tarde.

Para a presidente da Fnam, o sucesso das negociações entre Governo e médicos depende de "vontade política", lembrando que, em 2018, "outra profissão do Estado de responsabilidade enorme, como os juízes, tiveram uma reposição também da sua grelha salarial de 30% e com retroativos".

Joana Bordalo e Sá sublinhou que deve haver o reconhecimento de uma profissão com elevado grau de responsabilidade e serem dadas condições para realizar um bom trabalho.

"Estamos a lidar com a vida das pessoas. Não podemos pura e simplesmente continuar a ser os médicos mais mal pagos da Europa", vincou, alertando que sem condições os médicos optam por outras alternativas, como o setor privado ou a emigração.

As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Fnam iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

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