Associações apresentaram carta dirigida ao ministro da Educação, Fernando Alexandre.
Doze associações encabeçadas pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ) contestaram, esta quinta-feira, a omissão de referências à educação sexual nas novas aprendizagens essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Numa carta dirigida ao ministro da Educação, Fernando Alexandre, as associações subscritoras (ligadas à defesa dos direitos humanos e das mulheres) pronunciam-se sobre as propostas de alteração à Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania e às Aprendizagens Essenciais de Cidadania e Desenvolvimento, em consulta pública até 01 de agosto.
As associações consideram que "a exclusão" da educação sexual "enfraquece de forma gravosa o debate de conceitos e a promoção de comportamentos associados ao consentimento e responsabilidade no contexto da saúde sexual e reprodutiva".
"Sendo esta uma componente essencial do desenvolvimento de qualquer ser humano não se julga ser concebível uma tal omissão", criticam.
Citando o regime de aplicação da educação sexual nas escolas, de 2009, as organizações realçam que esta temática é "essencial à realização dos direitos humanos em matéria de sexualidade, reprodução e bem-estar, incluindo a necessária prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (a crescer entre a população jovem), da gravidez adolescente e não desejada e da violência e abusos sexuais (maioritárias em contexto familiar e grupo de pertença)".
"Estas realidades revelam fragilidades na informação e na prevenção, refletidas também nos contextos escolares", aponta a carta, defendendo a educação sexual como "espaço de ensino-aprendizagem" que inclua matérias como o respeito, o consentimento, a autonomia corporal, os limites, a identidade, a empatia, a saúde, a menstruação, a saúde sexual e reprodutiva, o autocuidado, a prevenção da violência e a legislação e os direitos humanos.
Na missiva, as organizações consideram ainda que "a redação dos textos em análise deveria ser reformulada por forma a obedecer aos ditames relativos à utilização de uma linguagem inclusiva", instando o ministro "a determinar a inclusão das matérias atinentes à igualdade de género no conjunto das temáticas da disciplina Cidadania e Desenvolvimento".
"É imprescindível não persistir na indicação do masculino como expressando o universal e o geral e o feminino como o particular e o específico, pois que tal legitima todo o discurso de subordinação e hierarquização social", assinala a missiva, acrescentando que a sociedade é formada por mulheres e homens, "titulares da mesma dignidade".
Além da APMJ, assinam a missiva a P&D Factor - Associação para a Cooperação sobre População e Desenvolvimento, a Feministas Em Movimento, a Akto -- Direitos Humanos e Democracia, a Associação para o Planeamento da Família, a Cooperativa SEIES, a Fundação Cuidar o Futuro, a Inspiring Girls - Associação Portugal, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, a Com Alma - Associação Não Governamental pelos Direitos Humanos, a Associação Corações Com Coroa e o Núcleo Feminista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Na quarta-feira, questionado pelos jornalistas sobre as alterações à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e após críticas dos partidos da oposição e associações da sociedade civil, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, assegurou que os conteúdos relacionados com a educação sexual não vão desaparecer dos currículos, apesar da redução nas novas aprendizagens essenciais para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Num comunicado enviado posteriormente, o Ministério da Educação esclareceu que a educação sexual está inserida nas aprendizagens essenciais da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, nomeadamente na dimensão "Saúde", embora não apareça a palavra sexual ou sexualidade.
Na segunda-feira, data de início da consulta pública das propostas de alteração da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania e das Aprendizagens Essenciais de Cidadania e Desenvolvimento, o ministro da Educação referiu, cingindo-se à identidade de género, que estas matérias ficaram excluídas das novas aprendizagens para a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento devido à sua complexidade.
"A igualdade de género, essa cultura do respeito, é muito importante. Outra questão muito mais complexa é a questão da identidade de género. De facto, não faz parte das aprendizagens essenciais", afirmou Fernando Alexandre.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.