Segundo a estimativa da Agência da União Europeia sobre Drogas, em 2023 morreram 7500 pessoas induzidas por drogas.
Um total de 88 opiáceos sintéticos, que têm um efeito semelhante à heroína, surgiram no mercado europeu desde 2009, substâncias que podem ser extremamente potentes e com risco de envenenamento e de morte para os consumidores.
O alerta consta do relatório de 2025 da Agência da União Europeia sobre Drogas (EUDA, na sigla em inglês), que estima que, em 2023, se registaram 7.500 mortes induzidas por drogas, mais 400 do que em 2022, principalmente envolvendo opiáceos em combinação com outras substâncias.
Em Portugal, as estimativas mais recentes indicam uma prevalência de consumo de opiáceos entre 3.0 e 7.0 por 1.000 habitantes - aproximadamente 28.000 utilizadores -, o que representa um ligeiro decréscimo do número de consumidores face a estimativas anteriores.
O documento da agência com sede em Lisboa salienta que o mercado europeu de opiáceos continua a evoluir, estando atualmente disponíveis várias substâncias para além da heroína, incluindo as sintéticas, que atuam no cérebro com efeitos muito semelhantes à heroína.
Estas novas substâncias têm um papel relativamente pequeno no mercado de drogas europeu em geral, mas ocupam um lugar de destaque nos países bálticos, e "existe também uma preocupação crescente" quanto à sua utilização noutros Estados-membros da União Europeia, refere o relatório.
De acordo com a EUDA, desde 2009, surgiram 88 novos opiáceos sintéticos no mercado europeu, muitas vezes extremamente potentes, criando riscos de envenenamento e morte e, em 2024, todas as sete novas substâncias sintéticas notificadas formalmente eram nitazenos, significativamente mais fortes do que a heroína.
Atualmente, estão a ser monitorizados 22 nitazenos na Europa e uma avaliação sobre as ameaças recentemente realizada pela EUDA, centrada nos novos opiáceos sintéticos presentes nos Estados bálticos, concluiu que essas substâncias foram responsáveis por uma percentagem significativa de mortes por overdose na Estónia e na Letónia.
O relatório destaca ainda a crescente disponibilidade na Europa de medicamentos falsos que contêm nitazenos, que normalmente imitam fármacos legítimos sujeitos a receita médica, como a oxicodona e benzodiazepinas.
"Este facto suscita preocupações quanto à possibilidade de estes produtos serem utilizados por um leque mais vasto de consumidores, incluindo os jovens", alerta a EUDA, que admite que uma redução futura da disponibilidade de heroína na Europa, na sequência da proibição pelos talibãs do cultivo da papoila do ópio e da produção de ópio no Afeganistão, poderá levar a que as lacunas do mercado europeu sejam preenchidas por opiáceos sintéticos.
Já em relação ao mercado das drogas estimulantes, o relatório salienta a maior disponibilidade de catinonas sintéticas, que se reflete em "importações e apreensões sem precedentes".
Em 2023, foi identificado na Europa um total de pelo menos 37 toneladas de catinonas sintéticas, quantidade superior às 27 toneladas de 2022 e às 4,5 toneladas em 2021.
Nesse ano, 53 locais de produção de catinonas sintéticas, alguns dos quais em grande escala, foram desmanteladas na União Europeia, principalmente na Polónia, um número que a EUDA considera ser um exemplo da intensificação significativa da produção de drogas na Europa.
Em 2023, as autoridades desmantelaram instalações de produção em toda a Europa, incluindo 250 para a metanfetamina, 93 para a anfetamina, 36 para o MDMA e 34 para a cocaína.
Quanto à canábis, que se estima que tenha sido consumida por 24 milhões de adultos europeus no último ano, a EUDA alerta que a avaliação dos riscos para a saúde relacionados é "atualmente complicada" devido à maior variedade de produtos disponíveis, incluindo extratos de elevada potência e produtos comestíveis.
Seguindo a tendência europeia, em Portugal a concentração média de THC na resina de canábis quase duplicou na última década, passando de cerca de 14% em 2013 para quase 26% em 2023.
"Alguns produtos vendidos no mercado ilícito como canábis podem ser adulterados com novos e potentes canabinoides sintéticos, sem o conhecimento dos consumidores", avisa o relatório.
As rápidas mudanças no mercado europeu de drogas estão a criar novos riscos para a saúde e para a segurança e a desafiar a capacidade de resposta dos países, alerta ainda o relatório elaborado com base em dados de 29 países (os 27 da UE e Noruega e Turquia).
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